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Mariana Barbosa

No GLOBO desde 2020, foi repórter no Brazil Journal, Folha, Estadão e Isto é Dinheiro e correspondente em Londres.

Rennan Setti

No GLOBO desde 2009, foi repórter de tecnologia e atua desde 2014 na cobertura de mercado de capitais. É formado em jornalismo pela Uerj.

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Uma startup que funciona num co-working de São Francisco acaba de conseguir uma façanha: recebeu o maior aporte dos últimos anos em uma ferramenta de buscas na internet, um quinhão onde a supremacia da Google parece tão inabalável que raríssimos investidores arriscam nele seus milhões.

Em mais uma prova de que o ChatGPT chacoalhou o Vale do Silício, a Perplexity conseguiu quebrar essa barreira, levantando US$ 74 milhões (R$ 320 milhões) junto a personagens como Jeff Bezos (Amazon), informou reportagem do Wall Street Journal nesta quinta-feira. O argumento? O futuro das buscas está na “inteligência artificial generativa”, e nela está a oportunidade para desafiar a gigante de Mountain View.

O fundador da Amazon se tornou sócio da Perplexity juntamente com outros investidores, entre eles a gestora Institutional Venture Partners, em um aporte que avaliou a Perplexity em US$ 520 milhões, disse ao WSJ o CEO Aravind Srinivas. O movimento é o segundo significativo de Bezos no segmento de IA generativa — em setembro, a Amazon se comprometeu a investir até US$ 4 bilhões na Anthropic, cujo chatbot Claude concorre com o ChatGPT.

Fundada há menos de dois anos, a Perplexity tem um site e um app onde o usuário pode fazer buscas. Mas, em vez de uma lista de links da Web, a ferramenta entrega uma resposta em texto corrido. Ao redor do parágrafo aparecem “fontes” (os sites da Web que podem ter ajudado a ferramenta a elaborar aquele texto), além de perguntas relacionadas e fotos e vídeos associados àquela busca. O resultado é semelhante a uma conversa com o ChatGPT, mas aparentemente mais objetiva e incrementada com recursos adicionais.

Lançada em dezembro de 2022, a ferramenta básica da Perplexity é gratuita, mas a startup cobra US$ 20 mensais pelo acesso a uma versão turbinada pelo GPT-4, sistema de IA mais sofisticado da OpenAI, dona do ChatGPT. (Segundo o WSJ, a companhia entrega buscas com base em seu próprio índice de páginas da Web, combinado a uma mescla de ferramentas de IA, entre tecnologias próprias e outras compradas de fornecedores como a OpenAI.)

Desafio hercúleo

De acordo com a reportagem, a Perplexity atraiu 53 milhões de visitas em novembro com base no boca-a-boca e em um certo “hype” entre entusiastas da IA no X (ex-Twitter). Antes do novo aporte, a companhia já havia atraído investimentos até de figuras associadas à Google, como Susan Wojcicki, a ex-cunhada do cofundador do gigante das buscas Larry Page e que chefiou o YouTube até poucos meses atrás.

Apesar disso tudo, a Perplexity tem pela frente tarefa hercúlea. Há mais de duas décadas, várias foram as concorrentes que tentaram destronar a Google nas buscas — entre elas, a Microsoft —, mas sua ferramenta ainda tem cerca de 90% desse mercado.

A chegada do ChatGPT definitivamente incomodou a firma de Mountain View, com observadores prevendo que a nova ferramenta tornava as buscas tradicionais obsoletas, mas a Google já era uma das principais potências por trás da IA generativa e decidiu acelerar sua associação com as buscas após a ascensão da OpenAI. Além disso, outras startups que propunham usar IA nas buscas já ficaram pelo caminho, como a Neeva, já fecharam as portas…

A diferença agora é que um dos homens mais ricos do mundo está pessoalmente interessado no sucesso de uma rival da Google.

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