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Mariana Barbosa

No GLOBO desde 2020, foi repórter no Brazil Journal, Folha, Estadão e Isto é Dinheiro e correspondente em Londres.

Rennan Setti

No GLOBO desde 2009, foi repórter de tecnologia e atua desde 2014 na cobertura de mercado de capitais. É formado em jornalismo pela Uerj.

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As ações da Gol despencaram 33,6% nesta segunda-feira, no maior tombo desde o início da pandemia e à menor cotação em mais de sete anos, com os investidores reagindo aos desdobramentos do pedido de recuperação judicial nos EUA.

Marcado por diversas interrupções para realização de leilões com os papéis, o pregão começou já tenso com a informação, pela manhã, de que a Gol estava com patrimônio líquido negativo em R$ 23,3 bilhões. Isso ocorre quando as dívidas e outros passivos superam a soma de todos os ativos da companhia. A cifra apareceu em demonstrativo não auditado e divulgado aos investidores porque seriam apresentados à Justiça dos EUA. Segundo o documento, a Gol terminou 2023 devendo R$ 20,1 bilhões.

No meio da tarde, a Gol obteve aprovação da Justiça de Nova York para acessar o chamado "DIP financing" - tipo de empréstimo concedido no âmbito da recuperação judicial -, mas o valor foi de US$ 350 milhões. Os US$ 600 milhões restantes só serão liberados ao longo do processo de Chapter 11 e sob algumas condições. Depois da notícia, o papel acelerou a queda, com os investidores avaliando ser cada vez mais provável a conversão de parte da dívida em ações.

- O que pesou foi o fato de a dívida ser muito maior que o empréstimo DIP e seu patrimônio estar negativo. Isso sugere que uma conversão da dívida será quase incontornável, impondo uma diluição aos acionistas. E pior: fica mais claro que o processo vai demorar. A conclusão geral é que não vale a pena ficar posicionado nas ações, o que provocou um efeito manada - explicou Carlos Daltozo, chefe da área de renda variável da Eleven Financial Research.

Perda de R$ 835 milhões em valor

Os novos números se somaram à enxurrada de relatórios de banco recomendando a venda dos papéis da companhia aérea. No fim da semana passada, o Bradesco BBI já havia cortado o preço-alvo das ações da Gol de R$ 10 para R$ 1 (hoje eles valem R$ 3,93). Nesta segunda-feira, o BB Investimentos estipulou preço-alvo em R$ 2,40 por causa da diluição potencial.

"Em um cenário base onde o controlador (ABRA), que possui cerca de US$ 1,2 bilhão em títulos de dívida, realize tal conversão, estimamos um fator de diluição acima de 60% para os acionistas correntes, com preço-alvo de R$ 2,40. Por isso, acreditamos que a relação risco/retorno neste momento é desfavorável para o investidor e, para evitar destruição de valor, sugerimos a saída do papel", recomendou o analista Luan Calimério, da BB Investimentos, em relatório a clientes.

O papel preferencial (sem direito a voto) da Gol encerrou o dia valendo R$ 3,93, na menor cotação desde julho de 2016. Já a queda percentual foi a mais intensa desde 12 de março de 2020 (36,3%), pregão em que o pânico com o espalhamento do coronavírus levou o “circuit breaker” da B3 a ser acionado duas vezes.

Com o recuo desta segunda-feira, a companhia aérea perdeu R$ 835 milhões em valor de mercado e vale agora pouco mais de R$ 1,6 bilhão. Poucos meses antes da pandemia, em meados de 2019, a Gol chegou a valer mais de R$ 15 bilhões em seu pico histórico.

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