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Mariana Barbosa

No GLOBO desde 2020, foi repórter no Brazil Journal, Folha, Estadão e Isto é Dinheiro e correspondente em Londres.

Rennan Setti

No GLOBO desde 2009, foi repórter de tecnologia e atua desde 2014 na cobertura de mercado de capitais. É formado em jornalismo pela Uerj.

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Clientes da Hurb que entraram na Justiça para obter ressarcimento por pacotes não honrados ou cancelados estão tendo dificuldade de receber. O motivo: a maior parte dos recursos que entram hoje estão sendo retidos pelo Bradesco, que conseguiu a execução de uma dívida de R$ 19 milhões no final do ano passado.

A conta apresentada pela empresa para bloqueios judiciais no sistema Sisbajud – cooperação do Banco Central com o Judiciário — hoje é a do Santander. São raros os casos de clientes que estão conseguindo uma execução. O advogado Luiz Felipe França tem 458 processos contra a Hurb, dos quais 208 julgados. Foram 204 decisões favoráveis com pedidos de bloqueio. Desde o início do ano, foram 35 processos com tentativas de bloqueios negativos. Ele só conseguiu liberar recursos nas contas da Hurb para cobrir 4 ações. Uma no início do ano, em uma conta no C6 Bank. E as demais nas últimas duas semanas, na conta da Hurb no Santander. Ao longo do ano passado, ele conseguiu bloquear recursos para pagamento relativos a 41 ações.

Neste ano, há 173 processos em curso de bloqueio, com 43 resultados negativos, 4 positivos e os demais aguardando resultado.

Diante das dificuldades, o advogado parou de pegar novos clientes interessados em processar a Hurb. — Ficou mais difícil a partir de dezembro. Quem entrar com ação agora não vai conseguir receber — diz.

Existem 71.525 processos contra a Hurb nos tribunais, segundo o portal Jusbrasil. Advogados que entram com pedido de bloqueio no Sisbajud costumam se deparar com uma mensagem que diz que o "réu possui apenas ativos comprometidos em composição de garantia ou em ciclo de liquidação ou resgate". Isso significa que há recursos, mas o dinheiro é reservado para pagar o Bradesco. Até o ano passado, alguns advogados conseguiram reter recursos de uma conta de investimentos da Hurb no BTG, mas esses recursos já acabaram, segundo França.

Na página “Prejudicados pelo Hurb” há inúmeros relatos de clientes que não conseguem receber mesmo com decisão judicial favorável. Um cliente com R$ 13 mil a receber relata que a Hurb chegou a oferecer a penhora de 26 cadeiras giratórias do seu escritório como pagamento. “Se estão oferecendo móveis de escritório é sinal de que podem estar querendo fechar o escritório, não é?”, escreveu a vítima na rede social.

Nas redes, advogados levantam a suspeita de que o faturamento da empresa estaria indo para contas de intermediários. A coluna fez uma simulação de pacotes e o pagamento via Pix era destinado a uma conta da Hurb no Bradesco. Já o boleto para pagamento do pacote foi emitido pelo Santander.

Diárias

A Hurb, no entanto, tem recorrido a intermediários para comprar diárias de hoteis que se recusam a vender para a Hurb, temendo não receber. Uma dessas empresas usadas é a operadora ViaCapi, que trabalha com a compra de diárias para agências de pequeno porte.

Herança

O Bradesco emprestou R$ 18,8 milhões para a Hurb em meados do ano passado, mas só recebeu a primeira parcela, de R$ 367,5 mil. Em dezembro, o fundador da Hurb, João Ricardo Mendes, chegou a oferecer para o Bradesco como pagamento da dívida os direitos creditórios de um crédito que seus pais, já falecidos, supostamente teriam contra a Prefeitura do Rio por conta da desapropriação de um imóvel. Segundo a petição apresentada por João Ricardo, os direitos valeriam R$ 20 milhões, sendo R$ 12 milhões, segundo ele, "transitado em julgado".

Na petição, a Hurb apresenta dados de fluxo de caixa e mostra que até o início do ano, a empresa chegava a faturar entre R$ 30 e 60 milhões por semana. Com a crise de imagem — sobretudo após uma reportagem do Fantástico e também da proibição da venda de pacotes flexíveis pela Senacon —, o faturamento caiu para menos de R$ 1 milhão por semana em julho.

Já os pedidos de estorno e cancelamentos eram da ordem de R$ 10 milhões a R$ 20 milhões por semana no início do ano passado — alcançando o pico de R$ 71 milhões na semana da reportagem do Fantástico, em abril.

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