As ações judiciais contra montadoras de carro elétrico chinesas no Brasil

Foram 26 processos contra a BYD, que emplacou 29.489 veículos elétricos ou híbridos desde janeiro de 2023 até março deste ano. E 10 contra a GWM, com 14.984 emplacamentos nos últimos 15 meses. O levantamento foi feito pelo advogado Gabriel de Britto Silva, especializado em direito do consumidor.

— Num país com 100 milhões de processos judiciais de acordo com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), com uma sociedade com alto índice de litigiosidade e com acesso fácil e gratuito à Justiça pelo sistema dos juizados especiais cíveis, as chinesas BYD e GWM passam batido e apresentam reduzido número de ações de consumidores — diz Britto Silva. — Nas redes sociais, fala-se muito sobre os prós e contra do carro elétrico. Mas essa pesquisa é um retrato real e objetivo do que ocorre efetivamente de insatisfação no âmbito judicial, ou seja, aquilo que afeta o consumidor a ponto de fazê-lo contratar um advogado e ingressar com demanda judicial.

As demandas no Judiciário são as mais variadas e incluem desde problemas com atraso na entrega, falta de carregador de bateria, falta de peças de reposição, problemas eletrônicos e a redução de R$ 40 mil no preço final do veículo após a compra pelo consumidor e antes da entrega do produto.

Há também problemas relativos à autonomia da bateria e em relação a falhas no carregamento da bateria.

RECLAME AQUI

Em sites de defesa do consumidor como Reclame Aqui, as queixas são maiores e vêm crescendo na medida em que aumentam os emplacamentos. A BYD acumula 1.243 reclamações nos últimos 6 meses. Ao longo de 2023, foram 688. Alguns problemas relatados são mais críticos e relacionados à segurança: um cliente relata problemas com a suspensão e que a direção do carro vai para a esquerda ou direita sozinha. Outro diz que o pneu começou a se desfazer e soltar pedaços com 10 km rodados.