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Mariana Barbosa

No GLOBO desde 2020, foi repórter no Brazil Journal, Folha, Estadão e Isto é Dinheiro e correspondente em Londres.

Rennan Setti

No GLOBO desde 2009, foi repórter de tecnologia e atua desde 2014 na cobertura de mercado de capitais. É formado em jornalismo pela Uerj.

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A Yduqs, dona de Estácio e Ibmec, acaba de comprar o centro universitário Newton Paiva, de Belo Horizonte, por R$ 49 milhões, em sua primeira aquisição de uma instituição de ensino após quatro anos. A transação sinaliza a retomada do apetite em uma companhia forjada por transações desse tipo, mas que passou os últimos anos mais concentrada na redução da alavancagem do que na ampliação do portfólio de marcas.

Com a aquisição, a Yduqs está absorvendo dois campi e 7.643 alunos. A instituição oferece 26 cursos de graduação presencial (com cerca de 3,3 mil matrículas), nove cursos no formato semipresencial (pouco menos de mil alunos), além de ensino à distância e pós-graduação. Entre os principais cursos estão o de direito e odontologia, cuja participação no mercado de BH é da ordem de 20%, segundo a Yduqs.

— Essa aquisição marca um novo capítulo pra gente. Estamos fazendo uma aposta no ensino presencial, que passou longo período disfuncional em virtude do legado do Fies, mas no qual tem havido clara retomada e que oferece um valor de longo prazo (LTV, na sigla em inglês) para o negócio até cinco vezes maior que o ensino à distância — disse à coluna o CEO da Yduqs, Eduardo Parente.

Fundada há 52 anos, a faculdade Newton Paiva pertencia ao Splice, grupo paulista que atua em segmentos como os de saúde, telecomunicações e infraestrutura e que comprou o centro universitário das mãos da família Paiva Ferreira em 2008. A Newton Paiva vai manter seu nome, ao qual será acrescentada a marca Wyden, que reúne outras dez faculdades da Yduqs em São Paulo e estados das regiões Norte e Nordeste.

Parente observou que, em termos de preço e público-alvo, a faculdade está mais próxima do Ibmec — uma das fortalezas do grupo na capital mineira — do que da Estácio.

— É uma operação que aumenta a presença do grupo em uma praça importante, já que tanto Estácio e Ibmec estão em Belo Horizonte — acrescentou Aroldo Alves, CEO da Wyden.

'Razoabilidade'

A última vez em que a Yduqs havia comprado uma instituição de ensino foi em meados de 2020, quando pagou R$ 120 milhões pelo grupo Athenas, que reunia cinco marcas de ensino superior em cidades de Rondônia, Acre e Mato Grosso. Aquela transação foi o capítulo final de uma sequência de movimentos anunciados a partir da segunda metade de 2019 — entre eles a compra da Adtalem, que era dona de Ibmec e da própria Wyden, por R$ 1,9 bilhão.

Desde então, a Yduqs só havia feito aquisições na escala das startups, como as da plataforma digital para "concurseiros" QConcursos e da Hardwork, que oferece cursos preparatórios para provas de residência médica.

De acordo com Parente, a Yduqs enxergou na Newton Paiva a chance de fazer uma aquisição a preço "que fazia sentido" e a oportunidade de extrair valor de longo prazo.

— A razoabilidade está voltando para essas negociações. No passado recente, as operações que chegavam à nossa mesa atribuíam múltiplos (relação entre valor e o Ebitda, uma métrica de geração de caixa) muito elevados, até mais de dez vezes. Mas, depois de um período mais difícil, o mercado começa a fazer conta — explicou o CEO. — Nossa meta é fazer boa alocação de capital e queremos garantir aos investidores que seremos seletivos. Mas transações em condições semelhantes às da Newton Paiva nos interessa.

Desalavancagem

Segundo a projeção da Yduqs para 2025, o valor (enterprise value, no jargão anglófono do mercado) da faculdade será equivalente a 2,2 vezes o seu Ebitda. Do preço total de R$ 49 milhões, R$ 34,3 milhões estão sendo pagos agora, e o restante será quitado ao longo de cinco anos, com reajuste pelo CDI (taxa que acompanha de perto os juros básicos do país, a Selic). A transação ainda precisará passar pelo crivo do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) antes de se concretizar.

A operação se dá em um contexto de desalavancagem do balanço da Yduqs. Em relatório divulgado esta semana, o Itaú BBA observou que a companhia vem sinalizando aos investidores que sua meta é reduzir a alavancagem — relação entre a dívida liquida e o Ebitda — para 1 vez. A relação estava em 1,6 vez no ano passado e deve terminar 2025 em 1,1 vez, segundo a projeção do banco.

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