A mineradora Cedro, do empresário Lucas Kallas, vai centrar seu plano de investimentos bilionário na produção de um tipo mais sustentável de minério de ferro.
O plano é passar a produzir um minério de redução direta, conhecido tecnicamente como “pellet feed”. Mais fino, com maior concentração de ferro e menor presença de sílica, o material reduz as emissões de gases do efeito estufa quando usado pela indústria siderúrgica. A ideia é substituir parcialmente o “sinter feed”, de longe o tipo mais comum produzido no Brasil.
A companhia, que produz hoje 7 milhões de toneladas do minério nos municípios mineiros de Nova Lima e Mariana, quer chegar a 2028 produzindo 20 milhões de toneladas — sendo 70% “pellet feed”. O investimento na expansão da produção e na mudança do perfil de minério é estimado em R$ 8 bilhões nos próximos quatro anos, diz Kallas.
— Hoje, não produzimos “pellet feed”. Aliás, a produção brasileira é pequena como um todo, por volta de 8% do total. Só que as siderúrgicas da Europa e do Oriente Médio demandam cada vez mais esse tipo de minério, que emite 50% menos carbono. Ele já tem um prêmio de preço em relação ao tradicional e acreditamos que vai aumentar. Apostar nele é questão de sobrevivência — disse Kallas à coluna, acrescentando que sua mineradora fatura cerca de R$ 3 bilhões ao ano.
O principal desafio, segundo o empresário, é dinheiro. Kallas calcula que o capex (volume de investimento) para produzir “pellet feed” é pelo menos o dobro do exigido pelo tradicional.
— Tem que haver mudança, por exemplo, nos modelos de financiamento. Diferentemente do lítio, não existe debênture (título de dívida) incentivada para esse tipo de minério. Mas ele é parte fundamental da transição para uma economia com menor emissão de carbono, dado o volume que o minério de ferro representa. O país precisa entender isso — critica o empresário, que diz estar conversando com BNDES, Finep e siderúrgicas estrangeiras sobre a estrutura de capital do seu plano de investimentos.
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