Daniel Becker
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Conversas sobre infância, no plural: pelo bem-estar de crianças, famílias e sociedade

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Daniel Becker

Pediatra, sanitarista, palestrante e escritor. Ativista pela infância, saúde coletiva e meio ambiente.

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GERADO EM: 18/07/2024 - 04:30

Livraria Malasartes encerra atividades: um adeus à magia literária.

Após 45 anos, a icônica livraria Malasartes fecha no Shopping da Gávea. Pioneira e marcante, seu ambiente acolhedor encantava pais e crianças, tornando-se referência cultural. A pandemia e a concorrência online contribuíram para o fechamento, mas seu legado permanece vivo nos corações de gerações que desfrutaram da magia da literatura infantil.

Notícia triste e que traz tantas memórias nostálgicas: depois de 45 anos, a livraria Malasartes, no Shopping da Gávea, fecha as portas definitivamente no próximo dia 31.

Muitos pais da minha geração lembram das tardes de sábado, quando passávamos horas na livraria cheia. As crianças brincavam, folheavam e liam as histórias em voz alta, uma para outra, sob o olhar carinhoso e paciente das donas e vendedoras. Era uma verdadeira festa literária infantil, que se tornou programa obrigatório para muitos.

A Malasartes foi a primeira livraria infantil do país, e a partir de seu pioneirismo muitas outras foram criadas. Uma linda história, que explica seu sucesso inicial, foi contada por Ana Maria Machado, aqui no Globo. Chico Buarque havia escrito uma história para as filhas, o “Chapeuzinho Amarelo” (um dos muitos livros que comprei ali). Ana o convidou para fazer o lançamento na Malasartes. “O resultado foram horas de autógrafos, quilômetros de fila e um engarrafamento de trânsito que se estendeu até o Jardim Botânico. E mais a incorporação da livraria ao mapa da cidade, trazendo consigo aquele terceiro andar para ser usado por outras lojas”.

Me lembro bem da descrição de Ana: “mesinhas e almofadas convidavam à leitura. Onde um quadro de cortiça servia a recados gerais. Onde uma máquina de escrever amarela oferecia seu teclado para escritas em papeis coloridos. Onde um “sebinho” garantia à criançada o acesso a livros usados baratíssimos — para alegria da garotada das escolas públicas das redondezas, em um movimento diário de venda e compra”.

As fundadoras foram Renata Mattos de Moraes, Ana Maria Machado e Maria Eugênia da Silveira. Na pandemia de Covid-19 as vendas caíram muito e a livraria sobreviveu graças a um movimento de leitores e amigos, que divulgaram o Instagram e permitiu iniciar vendas online e por WhatsApp. Mas talvez essa seja uma das razoes para o fechamento: a maioria dos compradores encomendam livros pela internet, além de que o preço dos livros subiu muito nos últimos anos.

A Malasartes fecha as portas no Shopping, mas segue aberta no coração de milhares de pais e crianças que tiveram sua infância marcada por esse lugar mágico. Viva a literatura infantil!

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