Diogo Dantas
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Diogo Dantas

Bastidores dos clubes e da seleção brasileira e notícias do mercado da bola

Informações da coluna

Diogo Dantas

Repórter com mais de 10 anos de experiência. No GLOBO, cobriu Copas do Mundo, foi setorista do Flamengo e especializou-se nos bastidores e mercado da bola.

As declarações do lateral Yan Couto sobre um pedido da CBF para não usar mais o cabelo pintado de rosa motivou a entidade a se posicionar sobre o assunto de maneira oficial. Nos bastidores, porém, a seleção brasileira passou por um recente realinhamento, com cartilha disciplinar e comercial.

Nele, alguns comportamentos dos atletas foram apontados como possíveis infrações a regulamentos ou a contratos comerciais com patrocinadores, e os jogadores acabaram orientados sobre o tema. Nesse cenário, surgiu a situação do cabelo, citada por Yan, mas o lateral do Girona não é o único.

A CBF reforçou em nota a defesa da pluralidade e internamente cita como exemplo o fato de jogadores como Vini Jr e Raphinha terem usado dreads na última data Fifa. Além disso, Bruno Guimarães e Andreas Pereira também descoloriam os cabelos. O problema foi a declaração de Yan.

"Foi um pedido, basicamente. Falaram que o rosa é meio 'vacilão' assim. Eu não acho, mas vou respeitar, né? Me pediram, vou fazer", disse em entrevista à jornalista Yara Fantoni.

Procurada, a CBF informou que não houve pedido ou veto.

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O que não pode de fato

Na cartilha combinada entre jogadores, membros da comissão técnica de Dorival e diretoria da CBF, ficaram alinhados alguns cuidados para evitar uma imagem desconectada da população, depois do episódio polêmico na Copa do Mundo do bife de ouro. A ideia é exalar simplicidade e seriedade.

Desta forma, alguns acessórios ficaram restritos, mas com um pano de fundo dos regulamentos. A Conmebol, por exemplo, proíbe a utilização de fones de ouvido. A CBF, por sua vez, cede aos jogadores bonés de patrocinadores, e pede que eles não usem o acessório pessoal de outras marcas quando estiverem à serviço da seleção brasileira, por questões comerciais.

Cordões e brincos são limitados nos treinamentos e jogos pelo regulamento da Fifa, segundo a CBF. O que consequentemente vai inibir que os jogadores ostentem jóias milionárias e abram precedente para críticas. No caso dos cabelos, não houve nenhum veto, segundo a entidade. Diante das orientações, Yan Couto teria desistido da ideia da tinta rosa que o marcou na Espanha.

"Estava jogando com o cabelo rosa a temporada toda. Na verdade, foi uma escolha minha, estava dando certo, foi legal, foi maneiro. Mas foi uma coisa mais para o Girona, muita gente lá pintou o cabelo, foi meio que moda. Aqui na Seleção, o ciclo encerrou. Sou o Yan de cabelo preto, não muda nada, continua sendo o mesmo", disse ainda nos Estados Unidos.

Outro ponto colocado em discussão nesse sentido foi o compromissos dos jogadores com a agenda da seleção brasileira. A orientação foi para que respeitassem horários e também as diretrizes da comissão técnica sobre alimentação, mesmo fora do contexto da seleção, em dias de folga.

A nota da CBF

Após a polêmica, nesta sexta-feira, a CBF se pronunciou em nota oficial - sem citar Yan - e afirmou que tem um compromisso com a liberdade de expressão de seus atletas e colaboradores.

"A CBF reafirma seu compromisso com a liberdade, a pluralidade, o direito à autoexpressão e livre construção da personalidade de cada indivíduo que trabalhe na entidade ou defenda a Seleção Brasileira. Para a entidade, o desempenho do colaborador fala por si só.

O compromisso da CBF é com o bom futebol e as melhores práticas de gestão. Cada colaborador ou atleta deve ter autonomia sobre sua própria aparência, credo, orientação sexual, expressão de gênero. Desde o início da atual gestão, a CBF tem como uma das prioridades a luta contra o racismo e qualquer tipo de preconceito no futebol.

A entidade é parceria do Observatório da Discriminação Racial no Futebol e do coletivo de Torcidas Canarinhos LGBTQ+, e está sempre aberta a novas iniciativas para que o futebol brasileiro se torne um espaço mais inclusivo e livre de preconceitos."

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