Espiritualidade e Bem-estar
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Espiritualidade e Bem-estar

Especialistas abordam discussões referentes ao corpo, à mente e às emoções.

Informações da coluna

Por Priscilla Primi

Quinzenalmente, escrevo esta coluna e procuro abordar temas que estão em evidência, seja algum famoso postando sobre suas fórmulas para emagrecer, seja uma nova diretriz divulgada pelas agências de regulação.

Hoje, venho trazer um assunto cotidiano do consultório cuja existência poucos de nós conhece até realizar um exame: a esteatose hepática ou, em linguagem simples, gordura no fígado. Em nosso meio, é comum dizermos que um nutricionista que não está cuidando de paciente com fígado gorduroso na sua prática clínica é porque está em férias. Infelizmente, é a nossa triste realidade.

O fígado é o segundo maior órgão e a maior glândula do corpo humano. Formado principalmente por hepatócitos, é vital, ou seja, impossível sobreviver sem ele, que é responsável por centenas de funções, entre elas: produção de substâncias essenciais do corpo, como a bile (que ajuda na digestão de gorduras), e vitaminas; destruição de bactérias e outros germes; metabolização dos nutrientes ingeridos, ou seja, o maestro dos nutrientes (armazena ou envia às células os nutrientes digeridos) e metabolização de substâncias tóxicas. Isso significa que a dipirona para dor de cabeça e o gim do final de semana são convertidos em substâncias menos danosas ao corpo para serem eliminadas. Sabe a moda do detox? Não é suco verde nem shot em jejum que vai fazer a detoxificação do corpo, quem faz isso primordialmente é o fígado.

A esteatose hepática é uma doença caracterizada pelo acúmulo de gordura nos hepatócitos e que acomete cerca de 35% da população, sendo que a prevalência entre os obesos é de 80% e de 100% dos que consomem álcool.

De acordo com a quantidade de gordura acumulada, ela é classificada em três níveis: leve, moderada e grave (graus I, II e III). Na esteatose leve, o acúmulo de gordura é pequeno e normalmente não provoca sintomas. No entanto, como é uma enfermidade crônica, se não for tratada, pode evoluir para os graus II e III.

A esteatose hepática moderada a grave pode causar inflamação e lesão do fígado. Quanto maior e mais prolongado for o acúmulo de gordura, maiores serão os riscos de lesão hepática. As células do fígado tendem a inflamar e sofrer danos, podendo evoluir para quadros graves de hepatite gordurosa, cirrose hepática e até câncer. Nesses casos, o fígado não só aumenta de tamanho como adquire um aspecto amarelado. Pode ser classificada em alcoólica, quando provocada pelo consumo excessivo de álcool, e não alcoólica.

Quando a alimentação está inadequada, principalmente com alto consumo de carboidratos, o fígado para de conseguir metabolizar satisfatoriamente, e o excesso de açúcar pode se infiltrar no órgão em forma de gordura.

Sobrepeso, diabetes, má nutrição, perda brusca de peso, gravidez, cirurgias e sedentarismo são fatores de risco para o aparecimento da esteatose hepática gordurosa não alcoólica. Parece que a síndrome metabólica (pressão alta, resistência à insulina, níveis elevados de colesterol e triglicérides) e a obesidade abdominal estão diretamente associadas ao excesso de células gordurosas no fígado.

O tratamento para esteatose também passa pela nutrição. Para garantir a saúde do fígado, é necessário diminuir a ingestão de gorduras, principalmente as saturadas, de origem animal e as gorduras trans, moderar no consumo de açúcar e a reduzir drasticamente a ingestão de bebidas alcoólicas.

Você pode ajudar a saúde do seu fígado tomando algumas cuidados importantes:

  • Mantenha a circunferência abdominal menor de 88 cm para as mulheres e menor que 102 cm para os homens;
  • Mantenha o peso dentro do ideal para altura e idade;
  • Beba com moderação;
  • Diminua o consumo de alimentos processados e ultraprocessados, dando preferência aos alimentos naturais, seguindo a regra do “descasque mais e desembale menos”.

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