Espiritualidade e Bem-estar
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GERADO EM: 26/06/2024 - 04:30

Desinformação nutricional e saúde metabólica

A desinformação nutricional gera medo e insegurança, com declarações exageradas sobre o açúcar e o diabetes. É importante buscar informações corretas e não cair em alarmismos sem embasamento científico. Praticar exercícios físicos regularmente é fundamental para a saúde metabólica.

Li uma frase espetacular em um dos artigos da nutricionista Marcia Terra, uma profissional super séria e que respeito muito. Ele escreveu: “quase toda desinformação começa em alguma informação verdadeira que, ao ser repetida ou simplificada, se transforma em falsa ou em desinformação”.

Prefiro acreditar que seja isso, porque ver especialistas em saúde querendo transcender suas áreas de atuação para dar informações equivocadas sobre outros assuntos me deixa bem chateado. Não ajudam em nada, pelo contrário, provocam medo, dúvidas e insegurança. Isso é simplesmente o oposto do que eu acredito ser um trabalho bacana, que tenha como verdadeiro intuito informar as pessoas para que sejam mais saudáveis e tenham melhor qualidade de vida através de boas e simples escolhas.

Se a pessoa tem espaço na mídia, pior ainda. Falar de alimentação sem nem conhecer quais são os macronutrientes, coisa que três minutos no Google resolveriam. Chamar açúcar de macronutriente, colocá-lo na mesma posição de do carboidrato, é realmente um descaso com o público. O açúcar faz parte do grupo de macronutriente conhecido como carboidrato. Isso sim.

Aliás, falando em açúcar, existe uma necessidade de fazer terrorismo. Dizer que o açúcar pode causar dependência, que é igual ao vício em cocaína, é um pouco demais. Será que as pessoas não pensam no papel que têm na mídia para falar o que quer que seja? Você já viu alguém ficar “doidão” porque comeu 100 g de açúcar puro? Então não existe vício em açúcar. O que há é uma vontade grande de comer doce, e doce é majoritariamente a mistura de açúcar e gordura. E sim, há disparos de dopamina quando comemos qualquer coisa que gostamos e queremos muito. Não necessariamente o doce. O disparo de dopamina é bem diferente. Alguns estudos já mapearam que o açúcar aumentou os níveis em torno 140%, enquanto a gordura aumentou em 160%. Drogas, como a cocaína, podem triplicar os níveis normais de dopamina, enquanto a metanfetamina pode multiplicar por 10 vezes. Ou seja, é bem diferente.

Me deparo com pessoas escrevendo aos seus leitores que terão que deixar de comer chocolates porque estão pré-diabéticas. Primeiro, pré-diabetes não é câncer. Não merece esse terrorismo. E se vai falar de um assunto de saúde e não tem certeza, se informe antes. O diabetes tipo 2, é aquele que é provocado pelo estilo de vida das pessoas, não está diretamente relacionado ao consumo exagerado de chocolates ou leite achocolatado. Tem muito mais a ver com a quantidade de células adiposas do corpo e com a inatividade física.

Essa crença que comer chocolate faz com que o pâncreas fique “cansado” de tanto produzir insulina e acabe provocando a falência do órgão, é antiga e errada. A insulina é resistente à gordura, logo quanto mais gordura você tem no corpo, mais insulina você produz. Em uma pessoa com menor percentual de gordura e mais massa muscular, a ação da insulina é mais eficiente. Pessoas com excesso de peso e obesidade, estão mais suscetíveis a se tornarem diabéticas. Claro que existe a carga glicêmica dos alimentos que pode disparar insulina, mas aí, nesse caso comer melancia seria mais perigoso que chocolate. Mas o que é mais saudável? Comer melancia ou chocolate?

Os receptores sensíveis à insulina ficam mais sensíveis com o estímulo do movimento, ou seja, o bom e velho exercício físico. Explicando melhor: a captação de glicose será maior, utilizando a mesma quantidade de insulina produzida, quando a pessoa pratica atividade física regularmente.

Existe um transportador chamado GLUT 4, que não é sensível à insulina, mas ao movimento físico, e toda vez que você faz atividade, aumenta a quantidade desse GLUT 4 na membrana, captando glicose, sem precisar de insulina. Mas a ode à ignorância, ao terrorismo, ao drama do “vou ter que sofrer sem comer mais nada do que gosto” vale mais do que informação.

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