Espiritualidade e Bem-estar
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GERADO EM: 18/07/2024 - 04:31

Impacto do Comportamento Alimentar nos Finais de Semana na Perda de Peso

Em um artigo sobre nutrição, é destacado o impacto do comportamento alimentar nos finais de semana na dificuldade de perda de peso. O texto aborda a tendência de exageros nesses dias, a falha na compensação de dieta restritiva durante a semana e critica a ideia do "dia do lixo". A importância de uma relação equilibrada e consciente com a comida é ressaltada como chave para uma alimentação saudável a longo prazo.

Há anos, percebo que as consultas às segundas-feiras não funcionam: ou o paciente agendado desmarca ou não aparece. Não precisa ser gênio para deduzir que o final de semana pode ser o grande responsável pela vazio no consultório, tanto é que não atendo às segundas-feiras, reservo esse dia para preparar material para os cursos que leciono ou organizar a semana que, para mim, começa na terça.

Na anamnese que faço com os pacientes, no momento do recordatório alimentar quando pergunto como é a alimentação habitual, muitas vezes me deparo com uma rotina digna de um post “orgulho da nutri”. Cinco refeições divididas em café da manhã, almoço, jantar e dois pequenos lanches, composto por frutas, verduras, legumes, carnes magras, cereais integrais, leguminosas, queijos magros, pão (pouco, quando há), tapioca, zero açúcar e pouco sal e óleo. Depois que anoto tudo, questiono “e o final de semana?”. E é aí que tenho a resposta do porquê o paciente foi ao meu encontro. O grande culpado, na concepção dele, é o final de semana.

Não os sábados e domingos apenas, muitas vezes os deslizes começam na sexta, ou, em alguns casos, na quinta-feira, dia do happy hour presencial da semana, já que muitas empresas adotam o home office na sexta-feira.

É quando as rédeas da alimentação são soltas: cerveja e petiscos na quinta à noite, sexta de pizza, aos sábados, a feijoada e o domingo finalizado com o tradicional churrasco.

Costumo brincar com os pacientes que eles entram no modo “Jaque”. Já que abusei na quinta, vou aproveitar a pizza e o vinho na sexta e, na segunda, eu começo a dieta. Já que tive um aniversário sábado, domingo me esbaldo na cerveja e no churrasquinho e, na segunda, prometo que perderei os 10 kg prometidos. Cada semana que passa, o objetivo fica mais distante.

Tenho uma infográfico interessante que uso para ilustrar o impacto dos fins de semana descontrolados na perda de peso: supondo que uma mulher de 1,60m de altura e 65 Kg de peso e que pratica pelo menos 1 hora de atividade física por dia, siga uma dieta restritiva em calorias de segunda a quinta-feira feira, com um consumo médio de 1200 Kcal/ dia, quase 1.000 calorias a menos do que o corpo precisa, ou seja, o suficiente para reduzir 4 kg em um mês.

Na sexta, no sábado e no domingo, ela aumenta o consumo calórico para 3.200 Kcal (o que não é difícil, basta incluir uma barra de chocolate de 150g como sobremesa no almoço e outra no jantar ou 4 caipirinhas e 100g de amendoim por dia), a média de consumo calórico ao longo de uma semana será de 2057 calorias, energia suficiente para manter os 65 kg. Ou seja, a pessoa faz dieta de segunda a quinta e repõe o que economizou no final de semana, mantendo o peso. Isso causa frustração, desânimo e nenhum impacto na redução da gordura corporal.

Outro hábito que surgiu importado dos fisiculturistas e marombeiros foi o “dia do lixo”. Independente da qualidade nutricional de um prato, sou totalmente contra esse termo: comida não é lixo. É um absurdo, num país onde mais de 8,7 milhões de brasileiros enfrentam a insegurança alimentar e nutricional grave, dizer que comidas calóricas equivalem a aquilo que está impróprio para o consumo. As pessoas costumam eleger um dia na semana em que se sentem liberadas para comer o que quiserem, sem culpa. Não acho que isso seja a melhor estratégia.

Estamos, mais uma vez, classificando os alimentos em proibidos e permitidos, bons e ruins, saudáveis e “lixos”. Comida é comida, independente da tabela nutricional que ela apresenta e é preciso ter equilíbrio: em um aniversário, comer uma fatia de bolo sem culpa, e não comer o bolo inteiro porque “amanhã eu volto pra dieta”. Na pizzaria, saborear uma ou duas fatias de pizza, sem precisar enfrentar o dia seguinte à base de água, alface e peito de frango ou passar 2 horas na esteira para “queimar” os exageros do dia anterior.

Precisamos melhorar a nossa relação com o que comemos e quando comemos. Dia de semana não significa dieta e fim de semana não quer dizer exagero. As escolhas alimentares devem ser conscientes e constantes, todos os dias, para a vida toda.

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