Guga Chacra
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Guga Chacra

Colunista do Globo e comentarista de política internacional da Globonews.

Informações da coluna

Guga Chacra

Mestre em Relações Internacionais pela Columbia University de Nova York. É colunista do Globo e comentarista de política internacional da Globonews.

A presidente da Câmara dos Deputados dos EUA, Nancy Pelosi, demonstrou enorme irresponsabilidade ao visitar Taiwan nesse momento. Sua viagem servirá apenas para acirrar os ânimos, além de fornecer argumentos para o regime de Pequim voltar a intensificar a narrativa de reunificação, como ficou claro nas declarações de autoridades chinesas.

Por ser líder do Legislativo nos EUA, Pelosi tem autonomia para viajar para onde quiser, independentemente da agenda do poder Executivo. Inclusive, o governo de Joe Biden era contra a viagem neste momento em que os EUA já enfrentam uma gigantesca crise geopolítica na Ucrânia. Um novo foco de conflito em Taiwan seria catastrófico. Donald Trump também condenou a viagem.

O líder americano ficou de mãos atadas para não desrespeitar a divisão de poderes e tampouco parecer fraco, cedendo às pressões da China.

Não há praticamente nenhum benefício nessa viagem. Até mesmo Taiwan pode ser prejudicada. O status quo, embora frágil, é melhor do que a alternativa de uma tentativa chinesa de reunificação pela força. A China hoje é incomparavelmente mais poderosa do que em 1997, na última vez em que um presidente da Câmara dos EUA esteve no país.

A decisão de Pelosi tem viés totalmente político, com foco nas eleições de meio de mandato nos EUA. Quer se mostrar "dura" com a China. Além disso, representa um distrito com grande população de origem chinesa e contrária ao regime ditatorial em Pequim.

Para ficar claro, a China considera Taiwan uma província rebelde. Já Taiwan se posiciona como a verdadeira China. Os EUA, há cerca de meio século, reconhecem o regime de Pequim, e não o de Taiwan, como a verdadeira China. Ainda assim, mantêm apoio militar a Taiwan e defendem a autonomia da ilha, mas sem alterar o status quo. Agora resta aguardar a reação chinesa.

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