Guga Chacra
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Guga Chacra

Colunista do Globo e comentarista de política internacional da Globonews.

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Guga Chacra

Mestre em Relações Internacionais pela Columbia University de Nova York. É colunista do Globo e comentarista de política internacional da Globonews.

Por Guga Chacra — Nova York

A oposição israelense venceu uma batalha contra Benjamin Netanyahu após o premier adiar a votação de uma reforma proposta por sua coalizão ultraextremista com o objetivo de enfraquecer a Suprema Corte. A guerra, no entanto, ainda está distante de ser vencida. O primeiro-ministro não cancelou seus planos, e seu aliado ultrarradical Itamar Ben Gvir indicou que teria como concessão pelo aditamento o estabelecimento de uma guarda nacional sob seu comando – basicamente, uma milícia de extremistas.

Apesar do adiamento, Netanyahu somente será derrotado quando sua coalizão implodir e ele deixar o poder. Não há como Israel seguir democrático com um líder egoísta e corrupto como o atual premier e seus aliados que estão entre as figuras mais radicais em toda a sociedade israelense.

Não podemos esquecer que a oposição em Israel não é de "esquerda". Há direitistas, como o ex-premier Naftali Bennett, nacionalistas de direita como Avigdor Lieberman, políticos de centro-direita como Benny Gantz, centrista como Yair Lapid, além de grupos da esquerda e mesmo conservadores que desertaram o Likud.

A melhor solução para Israel no momento seria um governo de união nacional, com a presença até do Likud, mas sem Netanyahu. Seus aliados de ultradireita não democráticos também deveriam ficar fora de qualquer governo. Ben Gvir, que comanda a segurança nacional israelense, integrou grupo considerado terrorista pelos EUA, foi impedido de servir nas Forças Armadas por causa de seu radicalismo, ameaçou o então premier e Nobel da Paz, Yitzhak Rabin, que seria assassinado dias depois, e mantinha em sua sala até meses atrás o pôster de um terrorista israelense que matou 29 palestinos em ato terrorista.

Acompanho Israel há décadas. Já vi o país enfrentar muitas crises. Mas jamais um caos político interno nessa proporção. Diversas vezes, critiquei políticas israelenses relacionadas à ocupação ilegal dos territórios palestinos. O cenário agora é distinto, porque há um primeiro-ministro liderando uma coalizão que busca literalmente destruir a democracia israelense.

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