Guga Chacra
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Guga Chacra

Colunista do Globo e comentarista de política internacional da Globonews.

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Guga Chacra

Mestre em Relações Internacionais pela Columbia University de Nova York. É colunista do Globo e comentarista de política internacional da Globonews.

Por Guga Chacra — Nova York

Após a visita do secretário de Estado Antony Blinken a Pequim nesta semana, os EUA e a China aparentemente conseguiram reduzir um pouco a tensão entre os dois países. Não que tenham virado amigos. Mas ao menos abriram um importante canal de diálogo para evitar ainda mais uma deterioração das relações entre os dois.

O cenário andava tão grave que alguns chegavam a temer uma escalada militar em meio a algum acidente entre os dois lados. O ponto mais grave, naturalmente, é Taiwan. Afinal, disputas econômicas são naturais entre duas potências econômicas, assim como estarem com posições distintas sobre a guerra da Ucrânia, embora não estejam em lados opostos — os chineses não apoiam nenhum dos lados no conflito.

No caso de Taiwan, Blinken adotou o discurso mais correto ao defender o status quo.

— Não apoiamos a independência de Taiwan. Continuamos contra qualquer mudança no status quo por qualquer um dos lados. Esperamos uma resolução pacífica para as diferenças. Temos o compromisso com as responsabilidades da Lei de Relações com Taiwan, incluindo a garantia de Taiwan ter a habilidade para se defender — disse o secretário de Estado americano.

Esse é ponto principal. Não há posição melhor dos EUA para a questão de Taiwan do que o status quo. Uma mudança certamente provocará impactos cataclísmicos na região e em todo o planeta.

EUA e China têm economias interligadas e é um cenário diferente do existente no passado entre Washington e a União Soviético. Um é o principal parceiro comercial do outro. Ninguém ganha com a deterioração na relação entre ambos. Parceiros podem ser rivais em algumas áreas, assim como os EUA rivalizam com o Japão e a Alemanha na fabricação de veículos ou a Coreia do Sul nos celulares.

O grave é quando rivalidade se transforma em inimizade ainda mais com o planeta já consumido na guerra da Ucrânia. Aliás, todos sabem que Pequim será fundamental no futuro quando os russos e os ucranianos negociarem um cessar-fogo.

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