Guga Chacra
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Guga Chacra

Colunista do Globo e comentarista de política internacional da Globonews.

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Guga Chacra

Mestre em Relações Internacionais pela Columbia University de Nova York. É colunista do Globo e comentarista de política internacional da Globonews.

Por Guga Chacra — Nova York

No ano passado, a Casa Branca classificou como um crime de guerra o uso de bombas de fragmentação pela Rússia na Guerra da Ucrânia. Os Estados Unidos estavam corretos na condenação. É uma atrocidade o uso desse armamento. Por este motivo, é deplorável a decisão do governo de Joe Biden de enviar esses armamentos para as forças ucranianas. Demonstra uma enorme hipocrisia da administração norte-americana. De uma certa forma, pode contribuir para o que sua própria administração considera crime de guerra. Por último, o presidente norte-americano está incentivando um crime de guerra com o dinheiro do contribuinte.

Os defensores do envio argumentam que, se os russos usam, então não há motivos para os ucranianos não usarem. Em primeiro lugar, a Ucrânia já usa bombas de fragmentação no conflito. Discutimos aqui se é correto os EUA enviarem mais desses armamentos para as forças de Kiev já que o próprio governo Biden considera o uso um crime de guerra. Em segundo lugar, se os russos usarem armas químicas, a Ucrânia também deveria receber armamentos químicos para se defender? Onde fica a linha divisória? Outros poucos ocupados do mundo teriam carta branca para usarem o armamento que quisessem, incluindo bombas de fragmentação? Os ucranianos não são os únicos sob ocupação no mundo.

Mais de 100 países já assinaram um tratado para banir as bombas de fragmentação que impacta civis de uma forma desproporcional. Infelizmente, os Estados Unidos e o Brasil não integram essa lista de signatários. Lamentável. A quase totalidade da Europa Ocidental, Canadá, México, Chile, Colômbia, Peru, Japão e muitas nações da África, como África do Sul, Gana, Costa do Marfim e Moçambique assinaram o acordo. Do Oriente Médio, apenas o Iraque assinou.

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