Guga Chacra
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Guga Chacra

Colunista do Globo e comentarista de política internacional da Globonews.

Informações da coluna

Guga Chacra

Mestre em Relações Internacionais pela Columbia University de Nova York. É colunista do Globo e comentarista de política internacional da Globonews.

Por — Nova York

Escrevi há exatamente um ano sobre o antissemitismo do presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas. Infelizmente, mais uma vez, precisarei voltar a criticar o líder palestino por ataques contra os judeus. Para deixar claro, não foram condenações a políticos do governo de Israel, o que seria legítimo, afinal centenas de milhares de israelenses protestam todas as semanas contra as medidas da administração de Benjamin Netanyahu. Literalmente, as declarações dele em reunião do Fatah tiveram como alvo toda a comunidade judaica.

Abbas disse, em primeiro lugar, que Hitler matou os judeus “pelo papel deles na sociedade” alemã. A verdade que devemos esclarecer para o mundo que os judeus europeus não são semitas. Eles não têm nada a ver com semitismo. Quando os escutamos falando de semitismo e antissemitismo, os judeus asquenaze, pelo menos, não são semitas”, acrescentou em sua fala antissemita, condenada por uma série de governos europeus e pelos Estados Unidos.

No ano passado, em encontro com Olaf Scholz, premier alemão, Abbas afirmou que "Israel cometeu 50 massacres em vilas e cidades palestinas — em Der Yassin, Kadr Qadom e muitos outros. Foram 50 massacres, 50 Holocaustos. Até hoje, todos os dias, há vítimas fatais alvejadas por militares israelenses". Sobre os massacres, há sim relatos de historiadores mostrando o papel de Israel nessas mortes. Mas, conforme escrevi na época, o problema está em comparar esses episódios ocorridos dentro do contexto do conflito entre israelenses e palestinos com o Holocausto, quando o regime nazista matou 6 milhões de judeus em escala industrial. Essa comparação claramente tem viés antissemita.

Este antissemitismo de Abbas não é algo recente. O presidente palestino, em sua tese de doutorado, sem qualquer evidência, escreveu que o movimento sionista colaborou com o nazismo para aumentar a imigração de judeus para a palestina e judeus teriam sido cumplices do Holocausto.

Incompetente, Abbas não disputa uma eleição para a presidência palestina desde 2006. Ao longo de 17 anos no poder, não conseguiu atingir nenhum objetivo positivo para os palestinos. Ao contrário, viu a legítima causa palestina perder força. Está isolado dentro do Oriente Médio, com ditaduras do Golfo se aproximando de Israel. Gaza, praticamente desde a chegada dele ao poder, está nas mãos do Hamas. Seu governo é impopular entre os palestinos. Sua permanência se deve ao apoio dos EUA e de diferentes administrações israelenses que temem um cenário ainda pior com a possibilidade de o Hamas, uma organização terrorista, tomar o lugar dele.

Os palestinos deveriam buscar um líder mais eficiente, que alcance o sonho de um Estado nacional. Uma liderança que pode e deve criticar Israel pela ocupação da Cisjordânia, mas que não ataque os judeus. Não dá para ter um antissemita no poder.

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