Guga Chacra
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Guga Chacra

Colunista do Globo e comentarista de política internacional da Globonews.

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Guga Chacra

Mestre em Relações Internacionais pela Columbia University de Nova York. É colunista do Globo e comentarista de política internacional da Globonews.

Por — Nova York

Não houve ainda um acordo para cessar-fogo em Gaza. Esse ocorrerá somente quando Israel e Hamas concordarem com os termos de uma mesma proposta. O grupo rejeitou uma oferta israelense no fim de semana. Mas aceitou outra, nesta segunda, feita pelo Egito e o Catar, que atuam como mediadores. Israel, por sua vez, ainda quer entender melhor os termos e há indicações de que não deve aceitar. Inclusive, pode iniciar em breve uma mega ofensiva militar contra Rafah, no sul da Faixa de Gaza.

A divergência para um acordo se deve ao fato de a organização palestina defender uma interrupção definitiva da guerra enquanto o governo de Benjamin Netanyahu aprovaria apenas por um período de cerca de 40 dias. Em ambos os casos, haveria a libertação de ao redor de 33 reféns, em uma etapa inicial, em troca de centenas de prisioneiros palestinos.

Caso os dois lados cheguem a um acordo, será uma excelente notícia para todo o planeta. Reféns israelenses voltariam para as suas famílias, palestinos parariam de ser mortos nas ações de Israel e seria intensificada a entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza. Aliás, exatamente como ocorreu naquela semana de novembro, quando vigorou um cessar-fogo. Com o fim do conflito, devemos passar para a próxima etapa, que seria a reconstrução de Gaza e a definição de como o território será administrado. O Hamas, que cometeu o atentado de 7 de outubro, não será eliminado, como qualquer pessoa com um mínimo de conhecimento da região sempre soube, mas certamente sofreu um duro revés militar.

Caso Israel não aceite essa proposta e leve adiante a ofensiva militar em Rafah, será duramente condenado por boa parte da comunidade internacional. Até mesmo os EUA, seus maiores aliados, são a favor de um cessar-fogo e contrários a ação em Rafah, que multiplicaria ainda mais a catástrofe que os palestinos da Faixa de Gaza enfrentam. O governo de Netanyahu argumentará que o Hamas que não aceitou a oferta israelense no domingo. Mas, agora, quem fez a proposta foram o Egito e o Catar, que são os mediadores.

Ainda é cedo para sabermos como terminarão as negociações finais para o cessar-fogo, mas ao menos neste momento os dois lados falam abertamente na possibilidade de o conflito ser encerrado. Nos próximos dias, saberemos finalmente se a guerra acabará ou se entrará possivelmente em seu mais sangrento momento, com uma invasão a Rafah, para onde Israel forçou a ida de centenas de milhares de palestinas que habitavam as destruídas Gaza e Khan Younis.

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