Guga Chacra
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Guga Chacra

Colunista do Globo e comentarista de política internacional da Globonews.

Informações da coluna
Por — Nova York

RESUMO

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GERADO EM: 29/07/2024 - 11:59

Tensões entre Israel e Líbano aumentam

O Hezbollah lança míssil contra as Colinas do Golã, causando a morte de 12 jovens drusos; Israel responde com ataques ao Líbano. O risco de guerra total se intensifica, com tensões entre os dois lados e a possibilidade de escalada militar. A população libanesa busca evitar conflitos e apoiar soluções diplomáticas, enquanto o governo considera propostas de mediação para evitar uma devastadora guerra na região.

O Hezbollah assumiu os riscos de uma escalada militar ao lançar um míssil contra as colinas do Golã, um território sírio ocupado ilegalmente por Israel. Ainda que o objetivo não fosse matar civis, o resultado foi justamente esse. Ao menos 12 crianças e adolescentes drusos foram mortos pelo grupo xiita libanês aliado do Irã.

A ação, que o Hezbollah nega, fazia possivelmente parte do conflito de atrito entre o grupo e Israel iniciado depois do atentado terrorista do Hamas em 7 de outubro. Os dois lados vêm realizando ataques mútuos ao longo de 10 meses que seriam calibrados o suficiente para evitar uma escalada em direção a uma guerra total com Beirute e Tel Aviv no centro do conflito — atualmente, os combates estão restrito ao Norte de Israel e ao Sul do Líbano. Dezenas de milhares de israelenses e libaneses precisaram deixar essas regiões.

O risco sempre foi um cálculo errado de um dos lados ou um ataque que resultasse em número intolerável de vítimas. Foi o que ocorreu neste sábado com o ataque atribuído ao Hezbollah. Ao contrário dos habitantes do Norte, esses drusos não haviam sido retirados. Eram apenas crianças jogando futebol em um sábado de verão quando um míssil caiu sobre eles.

Há algumas dezenas de milhares de drusos do Golã. A maior parte deles se considera síria (e pró-Assad) até porque residem em um território sírio anexado ilegalmente por Israel em ação não reconhecida pela maior parte da comunidade internacional. Uma minoria aceitou a cidadania israelense. É uma comunidade distinta da dos drusos da Galiléia, super integrados à sociedade de Israel.

A dúvida agora é sobre qual será a reação israelense. Benjamin Netanyahu realizará uma resposta que produza uma tréplica do Hezbollah e escalar para uma guerra total? Ou será algo calibrado como ele fez com o Irã? Saberemos nos próximos dias.

O Hezbollah argumenta que interromperá os ataques contra Israel assim que houver um cessar-fogo em Gaza. Muitos libaneses, no entanto, defendem o fim das hostilidades imediatamente. Apesar de solidários aos palestinos em Gaza, a maior parte da população do Líbano não quer ver o país sugado para um conflito militar contra Israel. Preferem aproveitar o verão Mediterrâneo recebendo seus primos da diáspora. Somente 6% dos cristãos e 8% dos sunitas e drusos apoiam o Hezbollah, segundo o Arab Barometer. Entre os xiitas, no entanto, o apoio à organização é de 85%. No total da população, 30% de suporte. Resumindo, o Líbano não é o Hezbollah.

O governo libanês indicou estar disposto a aceitar a proposta mediada pelos EUA e França para que as forças do Hezbollah se retirem do Sul do Líbano, com o Exército do Líbano assumindo o controle. Em troca, Israel pararia de violar a soberania libanesa e se retiraria das Fazendas de Shebaa, um território sírio ocupado ilegalmente por Israel, segundo a ONU, mas reivindicado pelo Líbano. Seria uma solução justa que poderia evitar uma guerra que devastaria o Líbano e provocaria enorme destruição em Israel. Nos próximos dias, saberemos o que ocorrerá. Mas o ataque atribuído ao Hezbollah deixou os dois lados mais próximos de uma guerra.

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