Guga Chacra
PUBLICIDADE
Guga Chacra

Colunista do Globo e comentarista de política internacional da Globonews.

Informações da coluna

Guga Chacra

Mestre em Relações Internacionais pela Columbia University de Nova York. É colunista do Globo e comentarista de política internacional da Globonews.

Por — Nova York

RESUMO

Sem tempo? Ferramenta de IA resume para você

GERADO EM: 15/07/2024 - 04:30

Assassinato de Trump fortalece republicanos

A tentativa de assassinato de Trump consolidou sua imagem messiânica, afastando problemas de Biden. O republicano se fortalece para as eleições de novembro, enquanto os democratas parecem desanimados. Efeitos cumulativos da campanha favorecem os republicanos.

O impacto da tentativa de assassinato de Donald Trump é gigantesco. A imagem dele com a orelha ferida e o punho em riste entrará para a história. A tendência, neste primeiro momento, pode ser de um aumento da vantagem dele sobre um cada vez mais frágil Joe Biden. Sem dúvida, o republicano se consolida como favorito para as eleições em novembro.

Nesta semana, Trump vem a Milwaukee para a convenção republicana. Cheguei nesse domingo para acompanhar o evento no qual o ex-presidente será formalmente nomeado como candidato republicano. Saberemos também quem será o escolhido ou a escolhida para ser seu vice. Esses acontecimentos aliás aos poucos dominarão o noticiário.

Um fenômeno interessante das campanhas eleitorais nos EUA é como episódios que parecem definitivos na campanha, com um suposto efeito duradouro na eleição, acaba ficando em um segundo plano. Quando voltamos para 2016, na primeira vitória de Trump, parecia que um vídeo no qual ele fala uma série de profanidades sobre mulheres, seria a derrocada definitiva da sua campanha. No fim, foi esquecido em semanas. A reabertura (e fechamento) do processo dos emails de Hillary Clinton dominaram os debates nos dias anteriores à eleição.

Semanas atrás, estive com centenas de jornalistas diante da corte em Nova York para aguardar o veredicto de Trump. Quando houve a condenação, imaginava-se que seria um divisor de águas. O que aconteceu? Nada. A sentença que seria divulgada no dia 11 ficou para setembro. Agora, ninguém mais fala no assunto. Até mesmo a pressão sobre Joe Biden retirar a sua candidatura ficou em um segundo plano após o ataque contra Trump na Pensilvânia.

No mundo das redes sociais, os acontecimentos são rápidos. Talvez, em um mês, na convenção democrata, não estejamos mais falando da tentativa de assassinato. Uma série de eventos aleatórios podem acontecer até lá e voltaremos a dizer que talvez seja decisivo para a eleição.

No fim, mais do que episódios independentes, o que vale são os efeitos cumulativos ao longo da campanha. Biden inevitavelmente passou a ser visto como frágil e inviável. Será difícil reverter. No caso de Trump, os efeitos cumulativos operam em duas vias. Na primeira, seria a sequência de problemas dele na Justiça. A aposta dos democratas era de que essa tendência prevaleceria e o republicano se enfraqueceria. Na segunda, seria a de que o ex-presidente seria uma espécie de líder messiânico, perseguido pela mídia, o establishment e o Estudo profundo Isso o fortalece entre os republicanos e deve mobilizar a base, que está incendiada. Já a democrata anda cada vez mais desanimada.

Em uma eleição de mobilização de base, como a dos EUA, os ventos sopram a favor dos republicanos enquanto os democratas naufragam.

Mais recente Próxima A teoria dos jogos e a candidatura de Biden

Inscreva-se na Newsletter: Guga Chacra, de Beirute a NY