Passados quase seis meses das eleições, o bolsonarismo segue juridicamente enrolado pelos excessos que cometeu antes da derrota nas urnas. A exemplo de Jair Bolsonaro, que periga se tornar inelegível no TSE por abuso de poder político, um aliado nanico do ex-presidente pode ter que pagar até R$ 502,4 mil por ter recepcionado Flávio Bolsonaro num ato de campanha às vésperas do segundo turno do pleito, em 25 de outubro.
Joacir Barbaglio Pereira, conhecido como “Joa”, é filiado ao PL, tal qual Jair e Flávio, e se elegeu prefeito de Três Rios (RJ) em 2020. Desde então, passou a “flertar” com bolsonaristas até receber Flávio na sede da Prefeitura a quatro dias da disputa final entre o pai do senador e Lula.
Na ocasião, Joa e o parlamentar apareceram na varanda do prédio acenando para apoiadores e fazendo com as mãos o número da candidatura de Jair. O MP do Rio não quer deixar o chefe do Executivo municipal passar incólume pela irregularidade, já que prédios públicos não devem ser usados em atos eleitorais.
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Numa ação civil pública que tramita no TJ fluminense (2ª Vara de Três Rios, Areal e Levy Gasparian), o promotor Gustavo Nogueira pede que Joa seja condenado por improbidade administrativa e obrigado a pagar a multa por danos morais coletivos, com valores mínimo de R$ 147,7 mil e máximo de R$ 502,4 mil, calculados a partir do salário do gestor.
Ao MP, Joa afirmou que não tinha agendado um compromisso com Flávio naquela data e que, mesmo assim, recebeu o correligionário “tão somente como senador”. E negou que tenha feito campanha “a favor ou contra qualquer candidato”. A Justiça analisa o caso desde 24 de janeiro. Uma eventual punição a Flávio só pode partir do STF, dado o foro privilegiado do “Zero Um”.
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