Lauro Jardim
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Uma troca de mensagens de WhatsApp casada com um trecho do depoimento de Sergio Rial na CPI da Americanas pode ser a nova dor de cabeça para o ex-presidente da varejista e ex-presidente do conselho de administração do Santander. No centro do rolo, um potencial conflito de interesses.

À CPI, ele disse que não tratava de nenhum assunto relativo à Americanas no Santander. Mas, em 1º de setembro de 2022, às 8h01m, enviou uma mensagem ao então CEO da Americanas, Miguel Gutierrez. Nela, informava que "o Santander deve fazer uma proposta de 1 bi indicativa pra nós de 5 anos. (...) Um ótimo custo-benefício". Gutierrez responde "Que ótimo" e Rial devolve: "Vamos juntos".

Às 8h33m, o futuro presidente (por nove dias) da Americanas volta ao assunto: "Se puder pressionar o nosso lado pra um 'fechado', ajuda. Assim, se o mercado mudar, já fechamos a operação. Dei um toque no Eduardo (Saggioro, então presidente do conselho da Americanas) se precisa ou não board sign off".

A essa altura, Rial já fora anunciado oficialmente como sucessor de Gutierrez e iniciava um período de transição de comando da empresa. Ao mesmo tempo, ainda ocupava a presidência do conselho de administração do Santander. Dois meses depois, debêntures da Americanas no valor de R$ 1 bilhão foram emitidas e subscritas pelo banco.

Três semanas atrás, em seu depoimento à CPI da Americanas, Rial afirmou que, no Santander, não tomava parte em qualquer discussão sobre Americanas desde agosto do ano passado:

— Desde 2022, eu não tinha qualquer capacidade executiva em relação a crédito. Conselhos de banco não aprovam crédito. Tudo que tem a ver com Americanas, quando minha ida é anunciada em agosto de 2022, e isso foi inclusive dado (sic) ao BC e aos reguladores, eu deixo de participar de qualquer discussão, (de ter) acesso ao caso Americanas (...). O Santander teve uma preocupação, corretamente, como conselho, de me excluir de qualquer envolvimento.

A troca de mensagens e o depoimento à CPI serão anexados numa das ações contra a Americanas que correm na Justiça e informados à CVM.

Procurado, Rial afirma "que foi absolutamente verdadeiro em seu depoimento perante a CPI e repudia todo e qualquer tipo de distorção de fatos e informações que tem por objetivo confundir e criar cortinas de fumaça sobre a fraude".

Ele "ratifica, portanto, que na função de presidente do conselho do Santander não exercia função executiva no banco, que possuía sua respectiva diretoria para tratar e decidir sobre questões operacionais, comerciais e de gestão direta. Causa espanto muitos ainda não saberem a diferença entre os papéis de um presidente de conselho e um CEO executivo. Objetivamente quanto ao fato que está sendo distorcido, no segundo semestre de 2022, a empresa havia emitido debêntures com prazo de 10 anos, pagando um custo muito elevado, fato esse de domínio público. Nesse contexto e com a reação positiva do mercado de crédito, assim como o acionário com o anúncio da futura substituição de Miguel Gutierrez por Rial, o Santander reconhece a oportunidade de oferecer uma nova operação de debêntures com prazo de cinco anos para a companhia e Sérgio apenas informa essa possibilidade para o então presidente da Americanas, Miguel Gutierrez. Nada mais natural esse diálogo entre o CEO em exercício e o futuro CEO, em cuja gestão as operações de crédito que estavam sendo feitas se desenvolveriam. Enfim, a aprovação dessa operação seguiu todos os procedimentos de governança do corpo executivo do Santander no Brasil e na Espanha e, portanto, nada de irregular ou anormal pode ser correlacionado com a mesma, não cabendo mais ilações ou devaneios descontextualizados a respeito".

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