Lauro Jardim
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Guido Mantega admitiu ontem que, não só foi sondado pelo governo para integrar o conselho de administração da Braskem, como já se colocou "à disposição" ("Se os acionistas e a assembleia decidirem isso, vou para o conselho").

A Braskem é controlada pela Odebrecht e pela Petrobras — e será a estatal a responsável pela indicação, uma vez que Lula quer por que quer enfiar o ex-ministro em algum conselho para reparar as injustiças que teria sofrido durante a Lava-Jato.

É mais um exemplo das voltas que o Brasil dá com a Lava-Jato, com toques de ironia por reunir, muitos anos depois, Mantega e Braskem no mesmo barco.

Mantega pode acabar integrando o conselho de uma empresa da qual ele foi acusado de receber propina. Numa das operações da Lava-Jato, em 2019, Mantega foi um dos alvos, numa ação feita partir da delação premiada de Marcelo Odebrecht e de outros executivos da empreiteira.

O já ex-ministro da Fazenda era acusado de ter pedido a Marcelo Odebrecht R$ 50 milhões como contrapartida a edição de duas MPs. O pedido foi aceito e, segundo as investigações e delações, pago pela... Braskem.

Anos depois, a denúncia da PGR foi rejeitada pela Justiça Federal do DF. E, mais recentemente, Dias Toffoli anulou todas as decisões da Lava-Jato contra Marcelo Odebrecht. Não invalidou, porém, a própria delação do ex-presidente da empreiteira.

Eis alguns trechos do que disse Marcelo em relação a Mantega que, em breve, deve assumir uma cadeira no conselho da Braskem: 

"A gente criou uma relação onde eu tinha acesso a ele, ele atendia a algumas coisas e ele sabia que eu doava. Ao mesmo tempo, eu criava esse compromisso implícito. Esse é um exemplo de como funcionava o governo. Vamos supor que a Odebrecht não estivesse no setor do etanol, provavelmente, por mais legítimo que tenha sido isso aqui, era capaz de sem o acesso que eu tinha a ele, isso aqui não ter saído".

​​​​​​​"Esse acesso que eu tinha a ele era por quê? Porque ele sabia que eu era um grande doador. Se ele não começasse a resolver uma parte dos problemas que eu levava a ele, legítimos ou não, eu ia criar dificuldade na época de eleição. Eu era um dos maiores doadores, ele criaria um buraco para a campanha dela. Apesar de não ser uma coisa implícita, era como funciona a relação de um grande doador com uma pessoa do setor público".

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