Lauro Jardim
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Mensagens trocadas entre a mulher de Pedro Paulo e o líder comunitário Allan Oliveira, há três anos, ilustram parte da chantagem feita ao deputado (e pré-candidato a vice de Eduardo Paes no Rio) ante um vídeo íntimo e conversas particulares mantidos por ele com uma apoiadora. Nas conversas, a influenciadora digital Tati Infante, casada com Pedro, recebe de Oliveira indicações de que ele poderia divulgar as imagens se o político não cumprisse condições pré-estabelecidas, inclusive financeiras.

O temor de as imagens vazarem durante as eleições, daqui até outubro, fez com que Pedro Paulo colocasse em curso uma estratégia para testar o impacto do tema junto à opinião pública. Há uma semana, ele recuou da vice sob a justificativa de blindar a própria família sobre o impacto do vídeo íntimo, da chantagem (envolvendo Allan Oliveira) e do desgaste de sua imagem pela oposição.

Oliveira foi quem apresentou Pedro a Michelle Shimeni da Silva, cabo eleitoral de Paes e autora do vídeo. E também foi ele quem revelou a existência do conteúdo ao grupo político do parlamentar, incluindo a hoje secretária municipal da capital fluminense Marli Peçanha (Ação Comunitária). Sentindo-se ameaçado por Marli, o homem levou o caso à Polícia Civil do Rio, em 2021e 2022.

Nesse contexto das ameaças que Oliveira dizia sofrer, Tati Infante foi procurada por ele. Os diálogos entre os dois, conforme sugerem registros feitos pelo próprio líder comunitário, aconteceram em 2021.

No trecho que mais destaca as intenções de Oliveira, ele diz à mulher de Pedro Paulo: “O vídeo vai ficar guardado. Já avisei a Corregedoria de Polícia sobre as ameaças dele (Pedro Paulo). E o vídeo eu solto quando ele tentar mais uma graça. Desculpe, mas minha família não está tendo mais paz com as ameaças do seu marido”. À polícia (e também na conversa com Tati), Oliveira narrou que Marli teria dito que ele levaria “dois tiros na cabeça” se as imagens de Pedro fossem divulgadas.

Em resposta a Oliveira, Tati solicita o vídeo, bem como o nome e o telefone da mulher com quem o marido havia se envolvido — na semana passada, a influenciadora disse que o casal estava separado à época e apoiou a candidatura do marido a vice de Paes. Oliveira encaminha o telefone de Michelle e faz nova ameaça: “O vídeo eu só vou dar quando ele sentar comigo e me pedir desculpas.”

Em outro momento da conversa, Oliveira sugere que Pedro Paulo teria que pagá-lo por supostos prejuízos profissionais decorrentes do conflito — ele não explica quais: “Eu sou uma pessoa séria que preza a família. E ele (Pedro) tá se fazendo de vítima pra sujar minha imagem. Quer dizer, já sujou. Perdi contratos milionários por causa dele. E ele vai ter que arcar com isso”.

Oliveira prossegue: “Já tem um ano que tô guardando isso. Porque ele fica mandando o grupinho dele me ameaçar. Não tô aguentando mais”.

O tom da conversa sobe, em mais um trecho, quando Oliveira indica à Tati que o próprio pai dele, supostamente lotado nas Forças Armadas, vai agir contra o deputado. “Se até segunda ele não me atender, eu vou mandar minha família atrás de vocês. Meu pai é fuzileiro da Marinha. E ele (Pedro) vai arrumar um problema sério pra ele”, escreveu Oliveira. O líder comunitário complementa: “Ele tem que ser homem. Somente isso. E assumir o que ele fez e parar de me difamar”.

Em suas respostas a Oliveira, a mulher de Pedro Paulo desconfia das afirmações (e intenções) do interlocutor. “Allan. Toda véspera de campanha é isso. Aparece um monte de gente querendo derrubar ele (Pedro) e minha família. (...) Faz o que você quiser com esses prints aí. Sem os vídeos e áudios (de Pedro e também das ameaças de Marli) eu não posso te ajudar”. Ela diz ainda:

“Querendo entender o quebra-cabeça. Tem muito jogo sujo. Não estou dizendo que isso não seja verdade, mas preciso do vídeo como prova concreta e tomar minhas decisões como embasamento. Recebi montagens anos atrás. Procurei polícia, fui até o fim e descobri que era obra do inimigo. Por isso quero entender o porque você pegou esses prints (do vídeo em que Pedro aparece) (...)”.

Conforme revelaram na semana passada os jornalistas Bernardo Mello, Caio Sartori e Thiago Prado, o relato de Oliveira a policiais era de que Michelle, após gravar Pedro Paulo, teria utilizado o registro para tentar conseguir um cargo na gestão de Paes. À Tati Infante, Oliveira se refere repetidamente à amiga como “aquela safada”. A influenciadora rebate: “Não chama sua amiga de safada. Isso não se faz”.

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