Malu Gaspar
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Por Rafael Moraes Moura — Brasília

O pedido do governo da Itália para que o ex-jogador Robinho cumpra no Brasil os nove anos de prisão a que foi condenado naquele país por estupro ainda deve demorar a ter uma resposta do Superior Tribunal de Justiça (STJ), onde chegou na semana passada.

O processo está sujeito a uma série de etapas e possíveis manobras jurídicas, o que pode adiar o desfecho.

Em tese, o pedido da Justiça italiana poderia ser decidido de forma individual pela presidente da Corte, Maria Thereza de Assis Moura.

Mas, embora a Procuradoria-Geral da República (PGR) tenha enviado ao STJ nesta segunda-feira um parecer em que defende que o pedido seja atendido, a perspectiva no tribunal é de que a defesa de Robinho o conteste.

Isso deve levar o caso para a Corte Especial ao STJ, já que, pelo regimento do tribunal, em caso de contestação, o caso muda de relator e deverá ser avaliado pelo colegiado — do qual participam os 15 ministros mais antigos do STJ, tribunal composto por 33 magistrados.

Na Corte Especial não há prazo para a tramitação dos processos, e qualquer ministro pode pedir vista.

O processo em que Robinho foi condenado tem a ver com um episódio de violência sexual contra uma mulher albanesa numa boate em Milão, em 2013. A Justiça deu razão à vítima, que foi embriagada e abusada sexualmente por seis homens enquanto estava inconsciente. Os condenados alegam que a relação foi consensual.

Inicialmente, a presidente do tribunal, conhecida defensora dos direitos das mulheres, admitiu o prosseguimento do caso.

“Em um primeiro exame, os requisitos parecem ter sido atendidos, na medida em que a decisão foi proferida pelo Poder Judiciário da Itália, país em que o crime pelo qual o requerido foi condenado teria sido cometido; a decisão homologanda indica que o requerido constituiu advogado nos autos e se defendeu regularmente; e houve o trânsito em julgado da condenação”, observou a presidente do STJ ao admitir a tramitação do caso.

Para a PGR, como a decisão definitiva sobre o caso foi tomada pela Justiça italiana há um ano, como não cabem mais recursos na Justiça italiana e como o crime de estupro é reconhecido pelas leis dos dois países, Robinho pode cumprir a pena no Brasil.

Ainda assim, a ministra Maria Thereza destacou em seu despacho que o tribunal não tem posição consolidada sobre casos como o de Robinho.

“Por outro lado, o Superior Tribunal de Justiça ainda não se pronunciou, por meio de sua Corte Especial, acerca da possibilidade de homologação de sentença penal condenatória para o fim de transferência da execução da pena no Brasil.”

Justamente pelo ineditismo e pela grande repercussão, um ministro que vai participar do julgamento e portanto está entre os mais experientes da corte afirma que, como o caso tem muita repercussão internacional, a decisão deve ter impacto na imagem da justiça brasileira no exterior. “Essa decisão vai dizer ao mundo se o Brasil é o país da impunidade”.

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