Malu Gaspar
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Por Malu Gaspar

Depois dos conflitos do início do governo, Lula se calou publicamente a respeito da alta dos juros e do Banco Central, mas quem conversa com o presidente da República a portas fechadas percebe que seu humor em relação a Roberto Campos Neto não mudou nada.

A única coisa que mudou foi o aposto com que o presidente da República se refere a ele. No lugar do “esse cidadão”, Lula tem usado ultimamente “aquele rapaz” — como fez no jantar com o presidente da Câmara, Arthur Lira, há dez dias.

Quem estava lá e presenciou a conversa entre Lula e Lira, em uma mesa cheia de ministros, constatou que o presidente continua um pote até aqui de mágoas. E não só com Campos Neto, mas também com a Faria Lima.

O presidente da República não processou bem a resistência do mercado a suas declarações sobre política econômica e juros. Acha que merecia mais crédito daqueles que, em suas palavras, nunca ganharam tanto dinheiro quanto nos seus dois primeiros governos.

O presidente da República também reage mal quando se tenta defender Campos Neto, como fez Lira. O presidente da Câmara repetiu no jantar o que já tinha falado em público, na Associação Comercial de São Paulo: que os ataques de Lula ao BC atrapalham o ambiente econômico e atrasam a queda dos juros.

Lula, até ali cordial e relaxado, fechou a cara. E apesar de alguns dos ministros que estavam à mesa estarem em paz com Campos Neto, como Fernando Haddad e Alexandre Padilha, nenhum defendeu o presidente do BC.

Quem esteve com o presidente da República nos últimos dias afirma que o tom em relação ao BC continua o mesmo.

O que não é um bom sinal, considerando que nesta semana tem reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), e a expectativa geral é de que não haja mudanças na taxa de juros – tanto porque ainda não se conhece o novo arcabouço fiscal do governo como pelo ambiente tumultuado na economia internacional.

O próprio PT programou um protesto nacional contra as altas taxas de juros para esta terça-feira, quando começa a reunião do comitê.

E tudo isso enquanto Haddad tenta emplacar seu arcabouço fiscal, sob a desconfiança geral de Gleisi Hoffmann e outras lideranças petistas. A semana promete.

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