Malu Gaspar
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Por Malu Gaspar

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva acertou a escolha dos dois novos ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em um almoço fora da agenda com o presidente da corte, Alexandre de Moraes, no Palácio do Planalto nesta quarta-feira.

Lula vinha evitando receber o ministro, que passou a se queixar em rodas do Judiciário e da política de que o presidente da República era inacessível e não o atendia.

Numa dessas ocasiões, no casamento do filho do ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Luís Felipe Salomão, no último dia 13, Moraes disse que tentava havia dois meses, sem sucesso, conversar com o presidente sobre as nomeações do TSE.

Foi preciso alguns interlocutores comuns a ambos no Judiciário entrarem em campo para organizar o encontro, que só ocorreu depois que Moraes garantiu que não falaria de um assunto proibido para Lula nesses dias: a escolha do próximo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) na vaga de Ricardo Lewandowski, que se aposentou no início de abril.

No governo todo mundo sabe que o favorito do presidente é seu advogado Cristiano Zanin, que o defendeu na Lava-Jato, inclusive no Supremo. Mas Lula vem adiando a indicação e evitando falar sobre o assunto até com auxiliares mais próximos.

Além disso, Moraes tem seu próprio candidato — Salomão, do STJ. E vem dizendo em Brasília que considera um erro o presidente da República nomear o próprio advogado para uma vaga no Supremo.

Lula não ignora os movimentos de Moraes e deve nomear Zanin. Mas tampouco pretendia criar ruído com o ministro mais poderoso do STF, que comanda os inquéritos das fake news, das milícias digitais e dos atos golpistas, além de presidir o TSE no momento em que se discute a inelegibilidade de Bolsonaro.

Por isso, no Planalto, se considera que Lula fez um gesto bastante enfático de prestígio a Moraes nomeando seus dois candidatos para a corte eleitoral, acertando as escolhas com o próprio ministro num almoço.

Ao escolher os dois favoritos de Moraes, o presidente ignorou as duas mulheres indicadas para o posto pelas ministras Cármen Lúcia e Rosa Weber. Os dois nomeados na última quarta são Floriano de Azevedo Marques e André Ramos, ambos advogados e professores da Universidade de São Paulo, onde Moraes também leciona.

Oficialmente, a escolha se deu no final da tarde de ontem, depois que os ministros do Supremo aprovaram uma lista de quatro nomes em votação secreta e eletrônica. Mas na prática os favoritos de Moraes já estavam sacramentados por Lula quando os ministros começaram a votar.

A escolha de Lula foi comunicada pelo próprio ministro no plenário do Supremo, ainda antes do final da sessão. Ao microfone, Moraes disse que havia sido comunicado pelo próprio Lula e autorizado a dizer isso aos demais magistrados — no que foi interpretado no Planalto como mais uma deferência do presidente ao comandante do TSE.

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