Malu Gaspar
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Por Rafael Moraes Moura — Brasília

Três anos antes de o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinar a apreensão do celular de Jair Bolsonaro, a possibilidade de uma medida nesse sentido já atormentava o então presidente da República, que chegou a afirmar que jamais entregaria o aparelho.

— Está na cara que jamais entregaria meu celular. Estaria, sim sendo criada uma crise institucional. A troco de quê? Qual o próximo passo, dar uma canetada e falar que eu não sou mais presidente? Alguém está achando que eu sou um rato para entregar um telefone meu em uma circunstância como essa? Pelo amor de Deus, somos três Poderes independentes e ponto final, cada um ter que saber o seu limite – afirmou Bolsonaro, em entrevista à Jovem Pan.

Na época, a apreensão do celular do presidente e de seu filho zero dois, o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), havia sido solicitada ao Supremo por PDT, PSB e PV por conta das investigações em torno da interferência indevida do mandatário na Polícia Federal, conforme apontado pelo ex-ministro da Justiça Sergio Moro ao pedir demissão do cargo.

O então chefe do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno, chegou a afirmar em nota que o pedido era “inconcebível” e “inacreditável”, antes mesmo que o Supremo decidisse sobre o caso.

“O gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República alerta as autoridades constituídas que tal atitude é uma evidente tentativa de comprometer a harmonia entre os poderes e poderá ter consequências imprevisíveis para a estabilidade nacional”, escreveu Heleno.

O relator do caso, Celso de Mello, acabou arquivando o pedido dos partidos de oposição a Bolsonaro por entender que as siglas não tinham legitimidade para pedir diligências dessa natureza ao STF, mas deixou um recado ao então presidente:

"Tal insólita ameaça de desrespeito a eventual ordem judicial emanada de autoridade judiciária competente, de todo inadmissível na perspectiva do princípio constitucional da separação de poderes, se efetivamente cumprida, configuraria gravíssimo comportamento transgressor, por parte do Presidente da República.”

Foi no âmbito dessa investigação que Celso de Mello levantou o sigilo de uma controversa reunião ministerial marcada por xingamentos, ofensas e ameaças ao STF. Celso de Mello ainda determinou que Bolsonaro prestasse depoimento presencialmente.

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