Malu Gaspar
PUBLICIDADE
Malu Gaspar

Análises e informações exclusivas sobre política e economia

Informações da coluna

Por Rafael Moraes Moura — Brasília

Depois de um impasse que se arrastou por cinco meses, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva finalmente bateu o martelo e escolheu o nome para a chefia da Defensoria Pública da União (DPU): Igor Roque.

A indicação, antecipada pela coluna, foi oficializada na edição do Diário Oficial da União desta sexta-feira, quando se comemora o Dia do Defensor Público.

Atualmente, Igor Roque atua em processos criminais na Justiça Federal do DF e na assistência jurídica de Danilo Marques, um dos réus por ataques hackers às contas de autoridades no Telegram no episódio conhecido como “Vaza Jato”.

O caso, ocorrido em 2019, envolveu a divulgação de mensagens privadas do então juiz Sergio Moro e do ex-procurador Deltan Dallagnol, ajudando a minar a imagem da Lava-Jato e sua credibilidade junto à opinião pública.

Roque ainda precisa passar por sabatina na Comissão de Constituição e Justiça do Senado e ser aprovado pela Casa antes de assumir o cargo. "Ter defendido o hacker não tem tanta relevância pois é o papel do defensor. Mas é uma escolha peculiar", avaliou um senador de oposição ao governo Lula.

"Igor é muito equilibrado. Fará uma gestão em sintonia com as preocupações sociais do nosso governo", afirmou à equipe da coluna uma fonte que acompanhou de perto as discussões nos bastidores envolvendo a escolha do novo chefe da DPU.

O presidente da República é obrigado por lei a escolher um dos três nomes mais votados pela categoria em uma eleição interna, já realizada no ano passado. O primeiro colocado da lista, o evangélico Daniel de Macedo, foi rifado pelo governo Lula por ser considerado alinhado a Jair Bolsonaro.

Em novembro do ano passado, um mês após as eleições, Bolsonaro indicou Macedo para ser reconduzido ao cargo de defensor público-geral federal por mais dois anos.

Antes mesmo de assumir, o presidente Lula conseguiu travar o processo e “segurar” a nomeação. A manobra petista foi contestada no Supremo Tribunal Federal (STF) por um defensor público que não pleiteava o cargo, em uma ação que foi arquivada pelo ministro Kassio Nunes Marques.

A disputa, portanto, estava entre Igor Roque (segundo colocado da lista, com 290 votos na votação feita entre os membros da DPU) e Leonardo Magalhães (terceiro, com 277 votos).

De acordo com um interlocutor de Lula, Igor Roque e Leonardo Magalhães eram "equivalentes tecnicamente", mas Lula optou por Roque porque ele acabou reunindo mais apoios na reta final da disputa, o que teria sido decisivo para a escolha.

Roque contou nos bastidores com o endosso do ministro-chefe da Advocacia-Geral da União, Jorge Messias, do coordenador do grupo Prerrogativas, Marco Aurélio de Carvalho, e do ex-deputado federal João Paulo Cunha.

Para petistas, o defensor escolhido por Lula tem perfil progressista, é sensível à questão prisional e se comprometeu a apoiar mutirões para combater a superlotação em presídios brasileiros. Também pesou a favor de Igor Roque ter ido às ruas protestar contra o impeachment de Dilma Rousseff, em 2016.

Roque e Magalhães foram "sabatinados" pelo presidente da República na última terça-feira, conforme revelou a coluna.

A equipe da coluna apurou que, na “sabatina informal” no Palácio do Planalto com Lula, temas como o encerramento em massa, a violência contra as mulheres e a situação dos povos ianômamis foram abordados em linhas gerais.

A Defensoria Pública da União faz parte do sistema de Justiça e é responsável pela defesa de grupos vulneráveis, como populações pobres, povos indígenas e mulheres vítimas de violência.

O cargo de chefe da Defensoria está oficialmente vago desde janeiro. Mas, apesar de ter sido eleito defendendo as causas desses grupos, Lula vinha postergando a escolha do nome da DPU.

Mais recente Próxima A nova cartada de aliados de Deltan para dar sobrevida ao mandato na Câmara