Malu Gaspar
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Informações da coluna

Por Malu Gaspar e Johanns Eller

Em campanha para ter sua indicação para o Supremo Tribunal Federal (STF) aprovada no Senado, o advogado de Luiz Inácio Lula da Silva, Cristiano Zanin, jantou na segunda-feira com os senadores bolsonaristas Jorge Seif (PL-SC) e Carlos Portinho (PL-RJ) em Brasília.

Participaram do encontro o ministro do Supremo André Mendonça, o ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Vital do Rego e o ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Francisco Falcão.

À mesa, pautas caras aos conservadores, como a liberação do aborto e da descriminalização do porte de drogas ou o marco temporal das terras indígenas.

Os bolsonaristas estão muito irritados com o fato de o STF ter pautado esses temas todos mais ou menos ao mesmo tempo e se queixaram muito do tribunal para Zanin. Para eles, o Supremo quer atropelar as leis que o Senado já aprovou a respeito do porte de drogas, por exemplo. Alegaram que o princípio da separação entre os Poderes está "quebrado" e defenderam uma aproximação entre o Judiciário e o Legislativo para, segundo eles, restabelecer a harmonia.

De acordo com um dos participantes do jantar, Zanin ouviu atentamente as colocações, mas não se posicionou sobre os temas.

O tom adotado pelos participantes do convescote foi o de quem já considera Zanin aprovado.

Ainda assim Zanin vem procurando vários apoiadores de Bolsonaro, diretamente ou via intermediários. Como mostrou O GLOBO, advogado de Lula almoçou na última terça-feira (6) com dois deles, o senador Carlos Viana (Podemos-MG), que disputou o governo de Minas Gerais no ano passado pelo PL, e o deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), braço direito do pastor Silas Malafaia. A presidente nacional do Podemos, a deputada federal Renata Abreu (SP) também participou do encontro.

O objetivo de Zanin com os périplos é tentar cumprir a meta que traçou para a votação de seu nome no Senado. O indicado ao Supremo quer que ela seja igual ou maior do que a obtida por Rodrigo Pacheco (PSD-MG) ao ser eleito para a presidência da Casa.

Para ter a nomeação chancelada, Zanin vai precisar de ao menos 41 votos favoráveis entre os 81 senadores. Mas Pacheco teve 49 votos em fevereiro passado. Para os líderes de Lula, esse é o tamanho da base governista no Senado e o piso que Zanin está se dispondo a conseguir.

Para isso, ele precisa garantir duas coisas: que a base governista compareça em peso à votação e que pelo menos uma parte dos bolsonaristas vote a seu favor no plenário.

A decisão de começar por Portinho tem a ver com o fato de que o próprio senador já declarou nos bastidores que vai votar por Zanin. Aos colegas bolsonaristas, o senador fluminense tem frisado que seguirá o mesmo argumento utilizado na defesa da aprovação de André Mendonça enquanto líder do governo Bolsonaro no Senado.

Alguns bolsonaristas já haviam sido procurados pelo advogado antes da indicação, como os ex-ministros de Bolsonaro Ciro Nogueira (Casa Civil), do PP do Piauí, e Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional), do PL do Rio Grande do Norte. Nas conversas que tiveram com Zanin lá atrás, os dois já disseram estar dispostos a votar a favor.

Nos próximos dias, o indicado de Lula para o Supremo está tentando agora é uma nova rodada de conversas com esses oposicionistas, que deve acontecer muito discretamente, a portas fechadas. Só quem ainda resiste a encontrar Zanin é Magno Malta (PL-ES), muito popular na direita mais radical.

Tanto Malta como Nogueira e Marinho têm acenado com um "tratamento leal" na sabatina que ocorrerá na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) antes da votação no plenário, mas se declaram preocupados com a reação de seus eleitores caso o placar da aprovação de Zanin seja favorável demais – quer dizer, caso ele tenha muito mais do que os 50 votos do governo.

Assim, os bolsonaristas não devem boicotar Zanin, até porque podem precisar dele no futuro. A tendência é que façam um cálculo entre eles para que o indicado de Lula consiga sua meta sem que sejam atacados pela base mais radical.

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