Malu Gaspar
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Por Rafael Moraes Moura — Brasília

Durante a monótona sabatina de Cristiano Zanin Martins, que se arrastou por mais de sete horas no Congresso, um dos poucos parlamentares que tiveram o trabalho de realmente confrontar o advogado em busca de esclarecimentos foi o senador Alessandro Vieira (PSDB-SE), que perguntou se ele se declararia suspeito ou impedido de julgar casos na Suprema Corte que envolverem o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, responsável pela sua indicação.

“A pergunta é objetiva, porque o vínculo que une Vossa Excelência e o presidente da República extrapola o mero conhecimento pessoal do seu currículo e da sua qualidade. Há uma relação profissional: Vossa Excelência prestou e, salvo engano, ainda presta serviços de advocacia ao Senhor Presidente da República”, frisou Vieira.

“Evidentemente que em todo o processo que eu tenho atuado como advogado, seja qual for a parte que eu tenha patrocinado, seus direitos e interesses, eu não poderei, se aprovado for por esta Casa, julgar esses processos no Supremo Tribunal Federal”, respondeu Zanin.

Conforme revelou a equipe da coluna, dois terços dos casos de Zanin no Supremo são dedicados à defesa de Lula e sua família, principalmente na operação de Curitiba. Os processos do advogado no STF, aliás, dispararam com defesa de Lula na Lava-Jato.

O indicado de Lula para o STF, no entanto, se esquivou ao falar de futuros casos que eventualmente surgirem contra o presidente da República ou que de alguma forma envolvam o chefe do Executivo.

“Em relação a impedimentos futuros e a suspeições futuras, já disse aqui na minha apresentação inicial, que também seguirei com muito rigor. Nós temos, como eu disse também anteriormente... Eu penso que a imparcialidade do julgador é um elemento estruturante da própria Justiça, é um elemento que é fundamental para assegurar a credibilidade do sistema de Justiça. E o sistema de Justiça funciona justamente por conta da sua credibilidade.”

Em sua campanha para ter a indicação ao Supremo aprovada no Senado, Zanin esteve com quase todos os senadores e grupos de deputados de vários partidos, mas deu especial atenção aos bolsonaristas.

O objetivo declarado dos encontros era tentar angariar um quórum favorável de no mínimo 50 votos entre os 81 senadores (são necessários 41 para a aprovação), mas havia também uma finalidade implícita nesses encontros: garantir que não haveria ataques "abaixo da linha da cintura".

O advogado de Lula estava especialmente preocupado com perguntas a respeito de sua briga judicial com o sogro e ex-sócio, Roberto Teixeira, que foi quem o apresentou ao petista, além de menções aos processos trabalhistas movidos contra ele e a mulher por ex-funcionários – uma doméstica, uma babá e um gerente administrativo.

Mas esses assuntos foram deixados de lado na sabatina.

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