Malu Gaspar
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Informações da coluna

Por Malu Gaspar

Depois de mais de um mês esperando, lideranças dos dois partidos aguardam para esta semana pela definição de Lula sobre os ministérios que o PP e Republicanos deverão ocupar no governo.

Lula, que vem afirmando desde julho que a negociação se dará diretamente com os presidentes de partidos, fará uma última rodada de conversas nesta semana. Espera-se que ele se encontre com o presidente do Republicanos, deputado Marcos Pereira, para bater o martelo sobre a entrada do partido no governo.

O presidente vem fazendo mistério sobre quem pretende trocar, mas já há algumas certezas entre seus interlocutores mais próximos, conforme três desses aliados de Lula com quem conversei nos últimos dias.

A primeira é que a Caixa — que nas palavras de um petista das antigas "vale mais do que dois ministérios" – será entregue ao PP de Lira. "A Caixa já foi", diz outro petista que está acompanhando as conversas e conhece Lula muito bem.

E apesar de alguns no Planalto torcerem o nariz, a ex-deputada do PP e atual diretora de Administração e Finanças do Sebrae Margarete Coelho é a favorita para o posto. Primeiro porque ela é a escolhida de Lira e o presidente da Câmara precisa ser atendido. Mas também porque a saída dela do Sebrae abrirá espaço para a escolha de um substituto escolhido pelo PT.

Na época em que Lula trocou a presidência do Sebrae, o ex-presidente do órgão, Paulo Okamotto, que indicou o novo chefe do Sebrae, gostaria de ter indicado o diretor financeiro, mas teve que aceitar que Margarete continuasse no cargo por um acordo com Lira e o PP. A saída dela do cargo resolve também esse problema.

A segunda certeza é que para acomodar o PP em mais um ministério e dar outra pasta ao Republicanos, Lula fará uma dança das cadeiras. Não se sabe ainda qual desenho Lula escolherá, mas tudo indica que ministros sem voto no Congresso ou que sejam de partidos com poucos votos estão mais vulneráveis.

Inicialmente, os partidos pediram o Esporte e Ministério do Desenvolvimento Social. Mas um ministro que conhece bem Lula diz que aposta que ele não dará nenhum dos dois.

Uma possibilidade é remanejar a ministra Luciana Santos, da Ciência e Tecnologia, para uma pasta "do tamanho do PCdoB", seu partido, que tem sete deputados.

Nessa hipótese, Luciana deixaria o ministério da Ciência e Tecnologia e iria para um ministério como o das Mulheres ou Direitos Humanos, ocupados respectivamente por Cida Gonçalves e Silvio Almeida, que não tem partido. O problema é que o PC do B, que resiste bravamente. Nos bastidores, lideranças da legenda dizem que não há hipótese de essa troca ocorrer.

Fala-se também em remanejar o ministro dos Portos e Aeroportos, Márcio França, que é do PSB (15 votos na Câmara), para algum outro posto. O próprio França admitiu essa possibilidade em entrevista à equipe da coluna, ao dizer que as únicas figuras imutáveis no governo são o presidente Lula e a primeira-dama Janja Lula da Silva.

A terceira certeza no entorno de Lula é que a mexida prevista para os próximos dias será apenas para acomodar os dois partidos, mas que o presidente deverá fazer uma reforma mais ampla depois do primeiro ano de mandato, não para atender nenhum partido, mas para trocar quem ele acha que não está funcionando.

Um exemplo bastante usado é o do ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias. Assessores de Lula tem comentado reservadamente que o presidente não está satisfeito com o trabalho de Dias, que foi eleito senador pelo PT do Piaui e poderia voltar para o Congresso. Lula se queixa de falta de políticas para além do Bolsa Família e gostaria de ver o ministério "fazer mais entregas" na assistencia social.

Só que, como o MDS é considerado o "coração" do governo, não está disponível para negociações com o Centrão. Mesmo que haja qualquer troca, será para continuar sob o comando do PT.

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