Malu Gaspar
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Por Malu Gaspar

A revolta no campo da esquerda com os votos que o ministro do Supremo Cristiano Zanin deu em menos de um mês no cargo está provocando uma articulação entre os advogados que apoiaram o presidente Lula para tentar influenciar a escolha do próximo ministro, no final de setembro, e tentar impedir a escolha de mais um "conservador". Os recentes posicionamentos de Zanin também puseram em polvorosa grupos de artistas, parlamentares e até de servidores do Palácio do Planalto.

Nesta sexta-feira, Zanin desempatou um julgamento sobre a extensão dos poderes da guarda municipal para que o STF reconhecesse que as guardas municipais são órgãos de segurança pública. Isso significa que eles podem fazer abordagens e revistar lugares suspeitos de tráfico de drogas, o que vai contra o que defendem os movimentos de segurança pública ligados à esquerda.

Ao longo da semana, Zanin já tinha votado contra a equiparação das ofensas à população LGBTQIA+ ao crime de injúria racial e contra a descriminalização da maconha para uso pessoal.

Antes, o primeiro ministro do STF nomeado por Lula neste terceiro mandato também já tinha sido a favor de manter a condenação de dois homens que furtaram objetos no valor de R$ 100. Votou, ainda, pelo fim da regra que impedia juízes de julgar processos de clientes de seus parentes advogados, mesmo que defendidos por outros escritórios.

A revolta que influenciadores e políticos de esquerda expressaram nas redes sociais foi multiplicada em grupos de mensagens que, antes da escolha de Zanin por Lula, ou o apoiaram ou se calaram para não confrontar publicamente a vontade do presidente.

Em grupos de advogados, o comportamento do ministro foi classificado como vergonhoso e decepcionante, de acordo com relatos feitos à equipe da coluna. Entre parlamentares petistas, foi chamada de "desastrosa". E nas trocas de mensagens entre servidores do Planalto, as decisões de Zanin foram tratadas como terríveis.

Um dos membros desse grupo, que faz parte do segundo escalão do governo, diz que "está forte a pressão sobre a Janja para convencer Lula a não repetir o erro".

A primeira-dama, inclusive, foi alvo de memes que expressão a incredulidade com a sequência de decisões que vão contra as pautas da esquerda.

Para um militante que se manifestou num fos grupos, Zanin é um "branco da elite jurídica paulista", e portanto não tem ideia do que é ser preto e pobre no Brasil. Outro observou que, embora não tivesse sido a favor da escolha de Zanin -- a comunidade jurídica de esquerda se dividiu entre o ex-advogado de Lula e o ex-assessor do ministro Lewandowski, Manoel Carlos --, não esperava que o novo ministro desse votos tão alinhados com o bolsonarismo.

Sobrou, é claro, para Lula. Ao comentar as decisões sobre o furto de pequeno valor e a do tráfico de drogas, alguns questionaram se o presidente realmente se importa com encarceramento em massa de pobres e pretos.

Em meio a lamentos, críticas e uma chuva de memes sobre os votos de Zanin, um chamado fez com que militantes de várias correntes começassem a disparar mensagens convocando para uma pressão sobre Lula pela escolha de "progressista de verdade" para a próxima vaga de ministro do Supremo, que será aberta no final de setembro com a aposentadoria de Rosa Weber.

Nas redes sociais, deputados e influenciadores de esquerda também reforçaram o coro contra Zanin, já apontando para a próxima escolha de Lula. A deputada Erika Hilton (PSOL-SP), por exemplo, postou. : "Mais do que nunca: Precisamos de uma ministra negra e progressista no STF!"

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