Malu Gaspar
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Por Malu Gaspar — Rio

A decisão de submeter a proposta brasileira de resolução sobre a Guerra de Israel contra o Hamas na Faixa de Gaza ao Conselho de Segurança da ONU na quarta-feira (18) foi tomada pelo próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que acompanhou de perto a evolução das negociações com os países membros do conselho.

A proposta foi aprovada por 12 dos 15 membros do conselho, mas não pode ser implementada em razão do veto imposto pelos Estados Unidos, que tem essa prerrogativa por ser membro permanente do conselho.

De acordo com fontes do Itamaraty, nem Lula nem a diplomacia brasileira se surpreenderam com o veto americano. O presidente, que foi informado pelo chanceler Mauro Vieira de todas as conversas de bastidores e sinalizações da diplomacia americana, sabia qual seria a reação dos EUA.

Mas avaliou, junto com o chanceler Mauro Vieira, que os americanos queriam apenas "empurrar com a barriga" a discussão sobre a resolução brasileira, para evitar o desgaste de vetar um texto sobre o qual havia amplo consenso.

A proposta brasileira condenava o terrorismo do Hamas e pedia uma pausa imediata às hostilidades para entrada de ajuda humanitária, a libertação imediata de todos os reféns, e a garantia aos civis na Faixa de Gaza de acesso a gás, eletricidade e suprimentos médicos.

Mas, como não dizia textualmente que Israel tem direito à autodefesa, os americanos se recusaram a assiná-la.

Essa postura foi expressa nos bastidores pelos diplomatas americanos diversas vezes nas conversas com os brasileiros, entre a última sexta-feira e a noite de terça, quando o Brasil apresentou sua última versão da proposta.

Nessas conversas, segundo os diplomatas brasileiros, os americanos sugeriram que seria mais fácil uma negociação em torno desse texto depois que o presidente dos EUA, Joe Biden tivesse retornado de Israel, o que os brasileiros não estavam aceitando.

Depois que o Brasil apresentou a última versão do texto, os americanos não disseram mais nada. O Itamaraty avaliou que, depois de um ataque aéreo atingir o hospital Ahli Arab, o norte da Faixa de Gaza, ficou inviável não apresentar nada.

Ao final, cinco minutos antes da reunião, os representantes britânicos procuraram o Brasil e avisaram que poderiam ajudar a conseguir melhorar a postura americana, caso o governo brasileiro esperasse mais. Mas a decisão de Lula junto a Mauro Vieira já havia sido tomada.

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