Malu Gaspar
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Malu Gaspar

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Por Malu Gaspar

A estratégia da diplomacia brasileira para lidar com a crise aberta pelo início da guerra entre Israel e a Palestina é deixar para um segundo momento qualquer discussão sobre eventuais condenações ao ataque terrorista do Hamas ou sanções à Palestina.

De acordo com fontes do Itamaraty, a intenção é evitar que um impasse prejudique o trabalho de resgate dos cidadãos de outros países ou futuras iniciativas para a negociação de um acordo de paz.

Por ora, não há nenhuma intenção de tocar em um tema sobre o qual o conselho e o governo brasileiro são frequentemente cobrados – a inclusão do Hamas na lista de grupos considerados terroristas pela ONU. Hoje essa lista inclui o Estado Islâmico, o Boko Haram e a al-Qaeda, entre outras organizações. E se o plano do governo brasileiro vingar, o assunto vai ficar em segundo plano.

O Brasil ocupa neste mês a presidência rotativa do Conselho de Segurança da ONU, formado por cinco membros permanentes – Estados Unidos, Rússia, China, Reino Unido e França – e dez temporários. E, nessa condição, tem que coordenar a reação do conselho à guerra, em um contexto de radicalização que já vem do conflito na Ucrânia.

O conselho até agora não se reuniu oficialmente para deliberar o que fazer sobre a guerra em si. Por ora, foi feita apenas uma reunião emergencial no domingo, convocada pelo Brasil, em que um enviado especial das Nações Unidas ao Oriente Médio apresentou um informe sobre a situação na região naquele momento.

Por enquanto não está marcada nenhuma reunião oficial do conselho, embora nos bastidores as conversas entre os diplomatas estejam frenéticas.

Até que isso ocorra, o Brasil vai tentar executar uma estratégia baseada em dois objetivos principais. O primeiro é conseguir um cessar-fogo para poder retirar as pessoas das áreas conflagradas.

Foi o que o ex-chanceler e assessor especial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Celso Amorim, já começou a fazer em entrevista ao GLOBO nesta terça-feira (10), dizendo que sem o cessar-fogo o conflito pode se alastrar de forma muito perigosa.

O segundo objetivo do Brasil é fazer com que o conselho consiga um acordo para libertar os reféns que estão em poder do Hamas.

Em paralelo, cada país está desenvolvendo esforços para retirar seus cidadãos das áreas conflagradas – o que os diplomatas envolvidos com o assunto no Itamaraty estimam que ainda vá levar alguns dias.

Só depois disso a representação brasileira no Conselho de Segurança vai começar a propor providências mais concretas em relação ao conflito em si. E muito provavelmente já não mais na presidência do conselho.

No próprio Itamaraty não se espera nenhuma deliberação muito enfática de condenação a um lado ou outro tão cedo, especialmente porque os cinco membros permanentes do colegiado têm poder de veto. A avaliação dos diplomatas é que Rússia ou China tendem a vetar qualquer sanção mais enfática ao Hamas, movimento intimamente ligado ao Irã, que por sua vez é aliado geopolítico dos russos e chineses.

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