Malu Gaspar
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Informações da coluna

Por Rafael Moraes Moura — Brasília

Após fazer críticas à delação fechada pela Polícia Federal com o ex-ajudante de ordens Mauro Cid, o subprocurador-geral da República Carlos Frederico Santos deu um passo atrás. Em conversa com a equipe da coluna, ele disse que não “joga provas fora” e que seu trabalho é no sentido de tornar mais robustas as provas reunidas pela PF.

“Eu digo que eu não jogo provas fora. Havendo essa delação da questão do Mauro Cid, e o Ministério Público não participou (das tratativas do acordo), tudo bem, não vou jogar provas fora e dizer que a prova não presta. Vou tentar fazer com que essa prova fique forte. Esse é o nosso objetivo. Agora não posso garantir – estou tentando”, disse Carlos Frederico.

Em entrevista à revista "VEJA" no final de semana, o subprocurador chamou a delação de "fraca", o que provocou mal estar com a Polícia Federal. Não é o primeiro ruído entre o MP e a PF no caso. Em setembro, a PGR foi contra a homologação da delação, por considerar que cabe ao MP fechar esses tipos de acordo, e não à corporação.

Na conversa que teve com a equipe da coluna nesta tarde, porém, Frederico disse que não há nenhum problema entre o MP e a Polícia Federal.

“Não quero desvalorizar o trabalho da PF, ao contrário. Eu quero robustecer esse trabalho. Uma narrativa feita perante uma autoridade policial, por si só, não serve de prova, tem de ser corroborada. Não basta essa narrativa. A gente tem de apontar o que cada pessoa daquela narrativa fez, não só o que ela fez, mas confirmar com outras provas. O STF está cheio de casos que anulou processos em razão disso – anular denúncias feitas só com base em delação.”

Apesar de calibrar o discurso, Carlos Frederico não esconde o desconforto pelo fato de a PGR ter ficado escanteada das negociações prévias para o acerto do acordo de colaboração premiada.

“Eu acho que (o Ministério Público) deveria ter participado (desde o início das tratativas da delação). Não importa se a delação é feita aqui, ou na Polícia, o que importa é o seguinte: tem de ter esse trabalho conjunto, porque a visão do órgão acusador é fundamental para isso, para a delação”, afirmou.

Indagado pela equipe da coluna se o caso Mauro Cid expõe uma disputa de poder entre a PF e a PGR pelo controle das investigações, Carlos Frederico afirmou:

“Não vejo disputa de poder, porque o espaço da criminalidade é tão grande que tem espaço para todo mundo trabalhar, entendeu? A questão de crime organizado, desses atos antidemocráticos, não vejo como uma disputa. Vejo que nós temos que trabalhar de uma forma conjunta, sabe, pra tirar melhor proveito possível da apuração dos fatos. Quem acusa é o MP, então as provas têm de ser vistas pelo MP. O MP é quem forma a opinio delicti (opinião a respeito do delito, para oferecer ou não uma denúncia.”

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