Malu Gaspar
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Informações da coluna

Por Rafael Moraes Moura — Brasília

Apesar de o relator da indicação de Flávio Dino no Senado, Weverton Rocha (PDT-MA), projetar que o ministro da Justiça terá 53 votos a seu favor de sua ida para o Supremo Tribunal Federal (STF), parlamentares lulistas ouvidos reservadamente pela equipe da coluna estão menos otimistas.

Três senadores da base governista envolvidos na campanha de Dino disseram reservadamente à equipe da coluna que o placar da votação secreta que deve ser realizada nesta quarta-feira (13) tende a ser mais apertado do que isso.

As últimas projeções desses parlamentares são de que Dino deve conseguir entre 45 e 50 votos, o que o colocaria próximo do patamar de André Mendonça, o ministro do Supremo que mais enfrentou resistência dentro do Senado – 47 votos sim e 32 não, em dezembro de 2021.

Dino vai ser sabatinado nesta manhã junto do subprocurador Paulo Gonet, indicado por Lula para a PGR, em uma estratégia desenhada pelo presidente da Comissão de Constituição e Justiça, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), e pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), para reduzir os ataques ao ministro da Justiça.

No início da disputa, aliados de Dino previam que o ministro conseguiria uma votação expressiva, mas abaixo do placar do ex-advogado pessoal de Lula, Cristiano Zanin, que obteve 58 votos favoráveis e apenas 18 contrários, contando inclusive com o apoio de parlamentares bolsonaristas em junho deste ano.

Mas a resistência de parlamentares do campo da centro-direita ao ministro da Justiça de Lula fez com que a turma de Dino reduzisse as expectativas em relação à votação.

Por isso, senadores da oposição ouvidos pela equipe da coluna consideram que o desempenho de Dino na sabatina pode fazer a diferença entre uma votação com “nível Mendonça" e outra com "nível Zanin".

“Se ele for pra provocação e irritar os senadores, é capaz do espírito de corpo dos parlamentares falar mais alto e a resposta vir na votação”, diz um oposicionista, sob anonimato.

Uma senadora que se diz indecisa concorda: “A sabatina vai ser um Fla-Flu. Vai ajudar a esclarecer as coisas.”

Conforme informou a coluna, a estratégia de aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro é tornar a sabatina uma espécie de “terceiro turno” contra o governo Lula.

O principal objetivo é explorar o temperamento mais belicoso de Dino e tirá-lo do sério, provocando respostas que possam prejudicá-lo na votação em plenário.

A gestão de Dino como governador do Maranhão e sua passagem pela pasta da Justiça deverão ser passadas a limpo pela oposição, que promete até mesmo trazer à tona a visita do ministro à favela Nova Holanda, uma das 16 que fazem parte do Complexo da Maré, na Zona Norte do Rio.

Sabendo dos riscos das provocações bolsonaristas, senadores que apoiam Dino já o alertaram para ter sangue frio e não reagir visceralmente ao bombardeio de perguntas que deve ser feito ao longo desta quarta-feira na sabatina.

“Ele tem de ser o Dino juiz, ponderado e equilibrado, não o Dino ministro da Justiça”, resume um aliado. Ao ser questionado pela equipe da coluna sobre o temperamento que vai adotar no embate com a oposição, Dino prometeu que vai com espírito “tranquilo” e no modo “paz e amor”. A conferir.

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