Malu Gaspar
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Informações da coluna

Por Johanns Eller

O ex-policial militar Ronnie Lessa, assassino confesso da vereadora Marielle Franco (PSOL), foi contratado pelo bicheiro Bernardo Bello para executar a então presidente da escola de samba Acadêmicos do Salgueiro, Regina Celi. A informação consta no relatório da Polícia Federal (PF), que teve seu sigilo levantado neste domingo pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

De acordo com o documento, o plano foi tramado durante a campanha de reeleição de Regina, que postulava um terceiro mandato. Bello, hoje foragido da Justiça, defendia o candidato de oposição, André Vaz. A então dirigente da agremiação, segundo a PF, era alinhada com Shanna Garcia, filha do bicheiro Waldomiro Paes Garcia, o Maninho, morto em 2004, e neta de Miro Garcia, patrono da escola.

Bernardo Bello é um dos protagonistas de uma disputa sangrenta pelo comando da agremiação e dos pontos de jogo do bicho outrora pertencentes à família Garcia nas Zonas Norte e Sul do Rio. O caso foi retratado no documentário Vale o Escrito, produzido pela Globoplay.

O bicheiro foi denunciado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro como mandante da morte de Alcebíades Paes Garcia, o Bid, filho de Miro e tio de Shanna, em 2020. Na ocasião, Lessa já estava preso pela morte de Marielle.

Em sua delação, Lessa relatou que monitorou Regina Celi com o mesmo carro usado no assassinato de Marielle, um Chevrolet Cobalt prata, e planejava matar a presidente do Salgueiro no mesmo bairro em que a vereadora morreu, o Estácio, na região central da cidade. O crime acabou não sendo levado a cabo.

O também ex-policial militar Élcio de Queiroz, que dirigia o carro durante o atentado contra Marielle, disse em sua delação premiada que o motivo pelo qual Regina não foi assassinada foi a hesitação de outro comparsa, o ex-bombeiro Maxwel Simões Corrêa, o Suel, durante um dos monitoramentos – o que teria irritado Lessa.

Élcio afirmou aos investigadores que Lessa confidenciou o episódio durante o réveillon de 2018, dois meses antes do assassinato de Marielle. Suel foi quem providenciou o Cobalt usado no crime e também o desmanche do veículo após a execução da vereadora. No caso de Regina Celi, ele dirigia o carro a partir do qual Ronnie Lessa efetuaria os disparos contra a presidente do Salgueiro, que estava a bordo de um táxi.

Outro personagem do caso Marielle estava no Cobalt junto de Lessa e Suel: o sargento Edimilson Oliveira da Silva, conhecido como Macalé, que portava um fuzil. Seu papel seria conter um contra-ataque, caso Regina estivesse acompanhada de seguranças. Macalé é apontado como o intermediador do contato entre Ronnie Lessa e os irmãos Chiquinho e Domingos Brazão, apontados pelo ex-PM como os mandantes do assassinato da vereadora do PSOL.

Assim como no planejamento da execução de Marielle, Lessa monitorou dados pessoais de Regina e familiares através de uma plataforma de consulta de crédito. A PF descobriu que, entre maio e dezembro de 2017, Lessa pesquisou informações sobre a então dirigente do Salgueiro, de sua filha, Louise Fernandes Duran, de seu filho, Renato Augusto Fernandes Duran, e de uma empresa mantida pelos dois.

Regina, aliás, foi candidata a deputada estadual pelo União Brasil em 2022. Na campanha, fez dobradinha com o correligionário e deputado federal Chiquinho Brazão, preso neste domingo pela PF.

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