Malu Gaspar
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Malu Gaspar

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva bateu o martelo sobre a posição do governo em relação aos dividendos extraordinários da Petrobras, a serem aprovados na assembleia geral de acionistas da companhia, no próximo dia 25.

O que ficou combinado entre o presidente e os ministros Rui Costa (Casa Civil), Alexandre Silveira (Minas e Energia) e Fernando Haddad (Fazenda) foi propor na assembleia o pagamento de 50% dos dividendos extras, como queria a diretoria da empresa, na proposta rejeitada no início de março pelos conselheiros indicados pelo governo.

Com isso, a Petrobras distribuirá quase R$ 22 bilhões ao mercado, dos quais cerca de R$ 6 bilhões vão para o caixa da União, acionista majoritária da empresa.

A outra metade do valor seria paga ainda este ano, provavelmente no próximo trimestre.

De acordo com fontes envolvidas nas discussões que ocorreram no Palácio do Planalto, no início da semana, o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, já foi comunicado.

O conselho da petroleira se reuniu nesta sexta-feira, mas não houve deliberação sobre o tema.

Pelas regras da companhia, como a pauta da assembleia geral tem que ser enviada com antecedência de pelo menos 30 dias e a proposta da administração era de reter os dividendos, não é possível o conselho modificá-la agora.

Mas qualquer acionista pode apresentar uma proposta alternativa durante a assembleia, e é isso o que os representantes da União devem fazer no próximo dia 25.

"Nos últimos dias houve um alinhamento entre os ministros e o presidente e as divergências foram sanadas", contou um dos participantes das conversas, para quem a crise desencadeada pela decisão de reter os dividendos se deu por falta de informa

O impasse sobre a distribuição do dinheiro desencadeou uma crise interna na Petrobras que quase derrubou Jean Paul Prates do cargo de CEO.

Prates defendia a proposta da diretoria de distribuir aos acionistas 50% dos recursos que sobraram no caixa após o pagamento dos dividendos regulares – R$ 43,9 bilhões. Já o grupo de Alexandre Silveira defendia segurar todo esse dinheiro em um fundo de reserva com o objetivo de melhorar as condições da empresa de obter empréstimos para investimentos.

Lula arbitrou a disputa e determinou que os seis conselheiros indicados pela União votassem contra o pagamento. Prates negou publicamente que houvesse uma ordem do presidente da República nesse sentido, mas foi desmentido pelo próprio petista no mesmo dia.

Após duas reuniões encabeçadas por Lula, o presidente encampou a tese de Silveira, o que irritou Jean Paul Prates. Como publicamos no blog, o presidente da estatal chegou a acompanhar a reunião do Conselho de Administração de forma remota após considerar a derrota para o ministro de Minas e Energia irreversível.

A reação do mercado financeiro à decisão do governo foi sair vendendo ações e derrubar o valor de mercado da companhia em mais de 10%. Num único dia, a Petrobras se desvalorizou em R$ 55 bilhões.

Mais recentemente, Silveira concedeu uma entrevista ao jornal Folha de S. Paulo criticando duramente o CEO da Petrobras. Indisposições com auxiliares de Lula no Palácio do Planalto e até com o presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Bruno Dantas, agravaram a situação, e Lula chegou a sondar o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, para substituir Prates.

Depois de uma articulação que envolveu o ministro Fernando Haddad e, como revelamos na semana passada, o presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), Jean Paul Prates acabou ficando no posto. Pelo menos até segunda ordem.

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