Malu Gaspar
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Malu Gaspar

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Informações da coluna

Desde antes de Madonna pousar no Aeroporto do Galeão, a cúpula da campanha de Alexandre Ramagem (PL) para a prefeitura do Rio de Janeiro já tinha desenhado um plano para usar o show da cantora como arma na disputa municipal – e já colocaram o plano em marcha nas redes sociais.

Os estrategistas do candidato de Jair Bolsonaro acreditam que as imagens e a repercussão do evento serão fundamentais para ajudar a reverter a vantagem que o atual prefeito, Eduardo Paes (PSD), vem apresentando entre os evangélicos.

Segundo a última pesquisa Atlas Intel, divulgada no final de abril, Paes está com 42,6% das intenções de voto, contra 31,2% de Ramagem. O candidato do PSOL, Tarcísio Motta, aparece em terceiro lugar, com 12,7% das preferências.

Mas os números que não saem da mira da campanha não foram divulgados. São os que mostram que Paes teria hoje 47% dos votos dos evangélicos, contra 32% de Ramagem.

Até mesmo nos bastidores, os aliados de Ramagem vem fazendo pouco dessa dianteira do prefeito em um segmento tradicionalmente conservador e que compõe o eleitorado cativo de Bolsonaro. Dizem que ela "não faz sentido" e "não é real", nas palavras usadas por um deles.

Mas sabem que o voto dos evangélicos será decisivo nas eleições municipais deste ano, especialmente no Rio. Na disputa de 2020, Paes derrotou o então prefeito, Marcelo Crivella (Republicanos), que é pastor da Igreja Universal.

‘Sodoma e Gomorra’

Por isso, na prática, a palavra de ordem é reagrupar os evangélicos na base da direita no Rio, e para isso as cenas de erotismo do show de Madonna em Copacabana devem ser usadas à exaustão durante a campanha.

Isso já vem sendo feito por parceiros de Ramagem que são lideranças entre os evangélicos, como o pastor Silas Malafaia e o deputado federal Sóstenes Cavalcante (PL-RJ).

Logo depois do show, ambos inundaram suas redes sociais com fotos de Madonna beijando uma de suas bailarinas e uma legenda dizendo que o show representava "Sodoma e Gomorra".

Também postaram vídeos questionando o uso de dinheiro público no patrocínio do evento — a prefeitura deu R$ 10 milhões e o governador Cláudio Castro (PL), aliado de Bolsonaro, deu outros R$ 10 milhões, mas só Paes tem sido atacado.

No plano da cúpula da campanha, os ataques mais frontais relacionando Paes a "Sodoma e Gomorra" ficarão a cargo dos aliados mais radicais, enquanto Ramagem vai apenas questionar o uso do dinheiro "para fazer propaganda política".

A estratégia já foi colocada em prática no último domingo, quando o pré-candidato do PL criticou o financiamento da apresentação em um post no X (ex-Twitter).

“Com milhões de reais de dinheiro público investidos nesse ‘espetáculo’, vale a pergunta ao cidadão. Qual a construção ou desenvolvimento intelectual, moral ou familiar desse show?”, escreveu Ramagem.

É assim que o bolsonarista vai se referir ao show de Madonna, para evitar se indispor com o eleitor de direita e centro direita que não é bolsonarista e não é afeito a fundamentalismos.

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