Apesar de a decisão de trocar o comando da Petrobras ter sido comunicada de repente e pego toda a cúpula da companhia de surpresa, a substituição de Jean Paul Prates por Magda Chambriard ainda vai levar pelo menos um mês -- ou até mais, dependendo de como vai se solucionar a controvérsia interna sobre o rito que é necessário realizar para que ela assuma.
Isso porque embora haja consenso entre os acionistas de que antes de ser confirmada no posto a nova CEO ainda precisa passar pelo processo de verificação do currículo e de eventuais conflitos de interesse, minoritários e representantes do governo no conselho divergem sobre a necessidade de realizar uma assembleia de acionistas para confirmar Magda no conselho.
Para os minoritários, a realização de uma assembleia extraordinária é necessária porque o estatuto da Petrobras estabelece que só pode ser presidente da empresa quem for conselheiro. Portanto, Magda precisaria primeiro ser eleita pelo conselho para depois ser escolhida presidente pelos colegas do colegiado.
Como na Petrobras vigora o esquema do voto múltiplo, em que os acionistas votam em cada conselheiro e não em uma chapa, por lei seria preciso fazer uma nova eleição para eleger todos os membros do conselho novamente e só então confirmar Magda Chambriard no cargo.
Os presidentes da Petrobras desde o primeiro governo Lula
![José Eduardo Dutra foi presidente da Petrobras de 2 de janeiro de 2003 a 22 de julho de 2005, no primeiro mandato de Lula — Foto: Aílton de Freitas/Agência O Globo](https://s2-oglobo.glbimg.com/Udunx2KPBGEmmT9q560YEKughq4=/0x0:634x417/648x248/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2022/2/D/Acj0gpT3uIQEPsoPh35w/jose-eduardo-dutra-ailton-de-freitas-agencia-globo.jpg)
![José Eduardo Dutra foi presidente da Petrobras de 2 de janeiro de 2003 a 22 de julho de 2005, no primeiro mandato de Lula — Foto: Aílton de Freitas/Agência O Globo](https://s2-oglobo.glbimg.com/uE--S6yRWEL8SLJgUgoXW0Eqe4Q=/634x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2022/2/D/Acj0gpT3uIQEPsoPh35w/jose-eduardo-dutra-ailton-de-freitas-agencia-globo.jpg)
José Eduardo Dutra foi presidente da Petrobras de 2 de janeiro de 2003 a 22 de julho de 2005, no primeiro mandato de Lula — Foto: Aílton de Freitas/Agência O Globo
![Sérgio Gabrielli foi nomeado presidente da Petrobras no segundo mandato de Lula e continuou no comando da empresa até fevereiro de 2013, já no governo de Dilma Rousseff. No seu mandato, a estatal segurou os preços dos combustíveis — Foto: Domingos Peixoto/Agência O Globo](https://s2-oglobo.glbimg.com/dIZ7FES5vR6yLpzHJsOnoPydDWg=/0x0:639x418/323x182/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2022/t/A/7RZDY3SEa8TinzBFfGhg/sergio-gabrielli-domingos-peixoto-agencia-o-globo-7-out-2010.jpg)
![Sérgio Gabrielli foi nomeado presidente da Petrobras no segundo mandato de Lula e continuou no comando da empresa até fevereiro de 2013, já no governo de Dilma Rousseff. No seu mandato, a estatal segurou os preços dos combustíveis — Foto: Domingos Peixoto/Agência O Globo](https://s2-oglobo.glbimg.com/jGGNhvbA8ZYIuo_P-UdkvVpy-Bk=/639x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2022/t/A/7RZDY3SEa8TinzBFfGhg/sergio-gabrielli-domingos-peixoto-agencia-o-globo-7-out-2010.jpg)
Sérgio Gabrielli foi nomeado presidente da Petrobras no segundo mandato de Lula e continuou no comando da empresa até fevereiro de 2013, já no governo de Dilma Rousseff. No seu mandato, a estatal segurou os preços dos combustíveis — Foto: Domingos Peixoto/Agência O Globo
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![Maria da Graça Foster foi presidente da empresa de fevereiro de 2012 a fevereiro de 2015, no governo de Dilma Rousseff — Foto: Divulgação/Agência Petrobras](https://s2-oglobo.glbimg.com/J_o6td0OXiyo98Vkiktq9U7UbsE=/0x0:598x399/323x182/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2022/A/z/tlNEOmRsABWBm9WG1yvQ/maria-da-graca-foster-divulgacao-agencia-petrobras.jpg)
![Maria da Graça Foster foi presidente da empresa de fevereiro de 2012 a fevereiro de 2015, no governo de Dilma Rousseff — Foto: Divulgação/Agência Petrobras](https://s2-oglobo.glbimg.com/svJprQC6MGcLqX40mgF1R9xzpuA=/598x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2022/A/z/tlNEOmRsABWBm9WG1yvQ/maria-da-graca-foster-divulgacao-agencia-petrobras.jpg)
Maria da Graça Foster foi presidente da empresa de fevereiro de 2012 a fevereiro de 2015, no governo de Dilma Rousseff — Foto: Divulgação/Agência Petrobras
![Aldemir Bendine foi o terceiro presidente da Petrobras no governo Dilma Rousseff. Ficou no comando da empresa de 6 de fevereiro de 2015 a 30 de maio de 2016. Foto Givaldo Barbosa/Agência O Globo](https://s2-oglobo.glbimg.com/ZVhGhW4awhQDu8HizziB-7TCpuo=/545x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2022/S/b/QCcecFScGoo9BEDv2N9g/aldemir-bendine-givaldo-barbosa-agencia-o-globo.jpg)
Aldemir Bendine foi o terceiro presidente da Petrobras no governo Dilma Rousseff. Ficou no comando da empresa de 6 de fevereiro de 2015 a 30 de maio de 2016. Foto Givaldo Barbosa/Agência O Globo
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![Pedro Parente foi presidente da Petrobras de 30 de maio de 2016 a 1 de junho de 2018, no governo de Michel Temer. Sob sua gestão, a estatal mudou seu estatuto e ampliou as regras de governança. Ele estava no comando da empresa durante a greve dos caminhoneiros — Foto: Jorge William/Agência O Globo](https://s2-oglobo.glbimg.com/5drbgj12T6c8IjJtOMjoFmeuIhM=/627x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2022/J/D/uVzriYRzmOtMPLTost4Q/pedro-parente-jorge-william-agencia-o-globo.jpg)
Pedro Parente foi presidente da Petrobras de 30 de maio de 2016 a 1 de junho de 2018, no governo de Michel Temer. Sob sua gestão, a estatal mudou seu estatuto e ampliou as regras de governança. Ele estava no comando da empresa durante a greve dos caminhoneiros — Foto: Jorge William/Agência O Globo
![Ivan Monteiro sucedeu Parente quando este saiu após a greve dos caminhoneiros. Monteiro ficou à frente da Petrobras também no governo de Michel Temer, de 1 de junho de 2018 a 3 de janeiro de 2019 — Foto: Márcio Alves/Agência O Globo](https://s2-oglobo.glbimg.com/OXGXktlB3EUUChX_eVowgOgGmlg=/681x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2022/3/t/7pGZ1HRTyTH4g7JhSnNw/ivan-monteiro-marcio-alves-agencia-o-globo.jpg)
Ivan Monteiro sucedeu Parente quando este saiu após a greve dos caminhoneiros. Monteiro ficou à frente da Petrobras também no governo de Michel Temer, de 1 de junho de 2018 a 3 de janeiro de 2019 — Foto: Márcio Alves/Agência O Globo
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![Roberto Castello Branco comandou a empresa no início do governo Bolsonaro e deixou a presidência da Petrobras em abril de 2021, após desgaste com o presidente em meio a reajustes de combustíveis. Ele foi indicado por Guedes — Foto: AFP](https://s2-oglobo.glbimg.com/EXRryf3WTwEoPTXD1ZEhse1W00c=/1265x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2022/k/H/4nDdjfSEOtPB9SB9YKeQ/roberto-castello-brancoafp.jpg)
Roberto Castello Branco comandou a empresa no início do governo Bolsonaro e deixou a presidência da Petrobras em abril de 2021, após desgaste com o presidente em meio a reajustes de combustíveis. Ele foi indicado por Guedes — Foto: AFP
![Joaquim Silva e Luna assumiu a presidência da empresa em 16 de abril de 2021 e foi demitido por Bolsonaro, segundo integrantes do governo, em meio à pressão por conta do aumento no preço dos combustíveis, e depois de críticas feitas pelo governo e pelo Congresso à estatal — Foto: Antônio Cruz / Agência Brasil](https://s2-oglobo.glbimg.com/dI2vzzJXA4eMTom9mvIqdNo7wog=/1265x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2022/D/Y/WDH7ceTh2AAXYNTFOxow/joaquim-silva.jpg)
Joaquim Silva e Luna assumiu a presidência da empresa em 16 de abril de 2021 e foi demitido por Bolsonaro, segundo integrantes do governo, em meio à pressão por conta do aumento no preço dos combustíveis, e depois de críticas feitas pelo governo e pelo Congresso à estatal — Foto: Antônio Cruz / Agência Brasil
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![Quarto presidente da Petrobras nomeado por Jair Bolsonaro, José Mauro Ferreira Coelho renunciou após forte pressão do presidente e do Congresso. Ele havia sido demitido após 40 dias.— Foto: PR](https://s2-oglobo.glbimg.com/Gj4r4R6-pQbYMex0wjxXmh-aK48=/1600x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2022/i/F/uk8upWRTSJur9Gub3CDQ/3.glbimg.com-v1-auth-0ae9f161c1ff459593599b7ffa1a1292-images-escenic-2022-4-6-20-1649286538526.jpg)
Quarto presidente da Petrobras nomeado por Jair Bolsonaro, José Mauro Ferreira Coelho renunciou após forte pressão do presidente e do Congresso. Ele havia sido demitido após 40 dias.— Foto: PR
![Caio Paes de Andrade, ex-secretário de Desburocratização de Guedes, assumiu a presidência da Petrobras em junho de 2022 — Foto: Divulgação](https://s2-oglobo.glbimg.com/fUmkTO3rGU0iijlUKrQptkOO-YY=/1600x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2022/R/M/Tccn1IRUeuvMg5fpKMAg/99283870-22-04-2021-caio-paes-de-andrade-novo-presidente-da-petrobras-foto-divulgacao.jpg)
Caio Paes de Andrade, ex-secretário de Desburocratização de Guedes, assumiu a presidência da Petrobras em junho de 2022 — Foto: Divulgação
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![Escolhido pelo presidente Lula, Jean Paul Prates presidiu a estatal de janeiro de 2023 a maio de 2024 — Foto: Cristiano Mariz/Agência O Globo](https://s2-oglobo.glbimg.com/ZjN11Cxm4DHoXPy675IRxLDugXA=/627x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/7/s/PljANiRhi9eB7x8uUqsQ/jean-paul-prates-cristiano-mariz-agencia-o-globo.jpg)
Escolhido pelo presidente Lula, Jean Paul Prates presidiu a estatal de janeiro de 2023 a maio de 2024 — Foto: Cristiano Mariz/Agência O Globo
![Depois de um processo tenso com a demissão de Prates, Magda Chambriard foi escolhida para dirigir a Petrobras a partir de maio de 2024 - Foto: Ana Paula Paiva / Valor](https://s2-oglobo.glbimg.com/bWqGupwkYebaSvwsRouXP5V7U3Y=/1600x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2024/z/D/KWvH77QBWzNjCaBZmVTA/106927017-data-25-07-2016-editoria-empresas-reporter-marta-bonaldo-local-valor-economico-setor-negoc.jpg)
Depois de um processo tenso com a demissão de Prates, Magda Chambriard foi escolhida para dirigir a Petrobras a partir de maio de 2024 - Foto: Ana Paula Paiva / Valor
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Nesse caso, como há um prazo mínimo de antecedência de 30 dias para a convocação de uma assembleia, mesmo que o nome da nova CEO seja aprovado muito rapidamente pelos órgãos internos da Petrobras, nada aconteceria antes desse prazo.
Ocorre que a direção da Petrobras e a ala do conselho inomeada pelo governo tem outra interpretação da lei e pretendem implementá-la. De acordo com essa visão, basta confirmar a Nesse caso, bastiaria eleger Madga no próprio conselho e depois ratificá-la na primeira assembleia-geral de acionistas que ocorrer. A meta do governo é instalar a nova CEO no cargo o mais rápido possível, mas isso ainda vai depender do processo de checagem do currículo e do histórico dela.
Revolta entre minoritários
Desde a noite de terça-feira, quando a demissão de Prates foi confirmada pelo governo, os representantes dos minoritários da Petrobras entraram em polvorosa, indignados com o fato de terem sido comunicados apenas pela imprensa das mudanças. Outro fator que causou revolta entre os minoritários foi a escolha ter acontecido apenas 20 dias depois da assembleia que elegeu o novo conselho e ratificou Prates no cargo.
- Saída de Prates: Entenda a crise que levou à troca no comando da estatal
"Esse tipo de decisão só mostra a negligência com que o governo está tratando a Petrobras com negligência, sem respeito pelos acionistas", afirmou o advogado Leonardo Antonelli, representante legal de Juca Abdalla, maior acionista individual da empresa, com 2,5% das ações.
"Isso passa uma péssima imagem no exterior e certamente vai afetar o valor de mercado. É ruim para a empresa e ruim para o Brasil", disse ele.
Nos bastidores, os minoritários afirmam que os minoritários não votarão por Magda nem na assembleia, para que ela seja conselheira, e nem no conselho, para que se torne CEO. Como o governo tem a maioria nos dois fóruns, eleger a escolhida por Lula não deve ser um problema, embora possa demorar mais do que o governo espera.
A questão é que a nova CEO já chega na Petrobras com o ambiente interno conflagrado. Isso vai dificultar ainda mais cumprir as já complexas promessas feitas a Lula de acelerar investimentos em refinarias, gás natural e fertilizantes – projetos que os minoritários não aprovam e certamente não farão questão de ajudar a acelerar.