Malu Gaspar
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A defesa do ex-chefe da Polícia Civil Rivaldo Barbosa, denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) como um dos mandantes do assassinato de Marielle Franco (PSOL) e preso desde o dia 24 de março, pediu insistentemente aos delegados da Polícia Federal (PF) que o depoimento dele à corporação fosse gravado em vídeo, mas a solicitação não foi atendida.

Barbosa foi ouvido por cerca de quatro horas na Superintendência da PF em Brasília, onde está preso, após apelar diretamente ao relator do caso no Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, para depor – Em um bilhete enviado a Moraes, o delegado chegou a pedir “pelo amor de Deus” para ser ouvido nos autos. O depoimento foi acompanhado pela PGR.

A PF, no entanto, não acatou o pedido para que a oitiva fosse gravada e autorizou apenas o registro em áudio. Segundo fontes ouvidas pela equipe do blog, havia o receio de que os advogados de Rivaldo vazassem as imagens e as explorassem para reforçar a narrativa de perseguição e atacar as investigações.

O delegado da Polícia Civil nega qualquer relação com o crime e, como adiantou o jornalista César Tralli, do G1, também rejeitou qualquer ligação com os irmãos Chiquinho e Domingos Brazão, também denunciados pela PGR como mandantes do crime, ao afirmar não conhecê-los.

Na avaliação de fontes que acompanharam o depoimento, em que pese o apelo para falar aos investigadores, ele se mostrou evasivo diante de perguntas mais sensíveis sobre a investigação e evitou detalhar determinados assuntos.

Rivaldo também se negou a responder sobre as suspeitas que pairam sobre empresas comandadas por ele e sua mulher, Érika de Andrade. Por orientação de seus advogados, ele informou que só responderia a perguntas relacionadas à denúncia da PGR e sua implicação no caso Marielle.

Os dois são suspeitos de usar empresas de consultoria de segurança para ocultar a origem de recursos recebidos de criminosos, além de utilizarem a estrutura da Polícia Civil para fins particulares. As informações são um desdobramento das apurações das investigações da morte da vereadora do PSOL.

Após encontrar pistas de um esquema criminoso, os investigadores da PF detalharam os indícios em um relatório preliminar apresentado ao STF no último dia 23 e pediram ao ministro Alexandre de Moraes abertura de inquéritos para apurar as novas suspeitas contra Rivaldo, além dos irmãos Brazão e um aliado do clã, Robson Calixto, o Peixe.

Como depoente, o investigado tem o direito de permanecer em silêncio para não produzir provas contra si mesmo. No âmbito das empresas, o delegado se limitou a dizer que uma policial civil lotada na Subsecretaria de Inteligência o alertou durante um almoço em 2019 que o então titular da pasta, Fábio Galvão, teria dito que iria “f…” com a vida de Rivaldo “naquele negócio das empresas”.

Galvão foi responsável por um parecer desaconselhando a promoção do delegado à chefia da Polícia Civil, que acabou bancada pelo então secretário de Segurança Pública do Rio, general Richard Nunes, durante a intervenção federal no estado. Rivaldo assumiu a corporação na véspera do assassinato de Marielle e seu motorista, Anderson Gomes, em março de 2018.

Em outro momento, ao ser questionado sobre encontros que ele teve com milicianos ligados a Brazão num consultório de dentista no Rio das Pedras, Rivaldo negou e declarou que nunca sequer esteve com eles. Mas admitiu ter sido indicado para o dentista por uma delegada que namora o pai biológico de um dos filhos criados por Domingos Brazão, Kaio, que deve concorrer a uma vaga na Câmara dos Vereadores do Rio neste ano.

Capa do audio - Malu Gaspar - Conversa de Bastidor
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