Malu Gaspar
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Desde que se soube que está circulando nos bastidores das campanhas para a prefeitura do Rio a existência de um vídeo íntimo do deputado federal Pedro Paulo (PSD-RJ), até então favorito para a vice de Eduardo Paes (PSD), estrategistas de Alexandre Ramagem (PL) têm negado a intenção de explorar a gravação para fins políticos.

Mas aliados de Ramagem já identificaram uma forma de usar o episódio para desgastar Paes sem exibir o vídeo, o que poderia levar a acusações de sensacionalismo e jogo sujo.

Fontes da campanha do candidato bolsonarista confirmaram que o PL cogita explorar os relatos de intimidação feitos por um ex-aliado de Pedro Paulo, Allan Oliveira, líder comunitário de Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio, que teve proximidade com a influenciadora digital Michelle Shimeni.

Ele afirma que apresentou Michelle a Pedro Paulo em 2020. Em 2021, os dois chegaram a trabalhar na administração pública durante a gestão de Paes.

Até que, em 2022, meses depois de deixar o cargo que tinha na Empresa de Obras Públicas (Emop) do governo estadual, para o qual alega ter sido nomeado por intermédio da secretária municipal de Ação Comunitária, Marli Peçanha, o líder comunitário procurou a polícia para relatar que Michelle o procurou tempos antes para mostrar o vídeo e pressionar por um cargo na prefeitura.

Oliveira disse no depoimento ter procurado a polícia porque Marli, que na época estava em uma das suas passagens pela pasta de Ação Comunitária, e o vereador Marcio Ribeiro (PSD), também ligado ao deputado, tentaram coagi-lo a apagar o vídeo. A secretária teria inclusive ameaçado lhe “dar dois tiros na cabeça”.

O líder comunitário denunciou outras supostas ameaças de morte por parte de Marli, que também foi subprefeita de Jacarepaguá no atual governo Paes, em 2023. Ela firmou em janeiro deste ano um acordo com o Ministério Público para que o caso fosse encerrado no Juizado Criminal e pagou R$ 500. O caso, então, foi arquivado pelo Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ).

Oliveira é uma figura controversa. Conforme revelou a equipe do colunista Lauro Jardim, a antecessora de Marli na subprefeitura, Talita Galhardo, procurou a Polícia Civil para relatar que o líder comunitário ameaçou “fuzilá-la” por derrubar o muro da casa de uma parente dele em uma operação de ordem pública no ano passado.

Mesmo assim, dois importantes interlocutores do PL do Rio afirmaram à equipe do blog que viram nas denúncias de intimidação uma oportunidade para atacar Paes, mesmo já tendo decidido não explorar a intimidade de Pedro Paulo na campanha.

“Um episódio de truculência, intimidação, coisa de capanga, milícia. Não descartamos [explorar na campanha]”, disse um deles.

O aliado de Ramagem explicou que os marqueteiros ainda avaliam de que forma vão jogar o assunto na campanha, mas defendeu que abordar a denúncia de ameaça é diferente de divulgar o vídeo.

Conforme publicamos no blog na última quarta-feira, aliados do prefeito carioca dizem que o próprio Pedro Paulo preferiu vazar o episódio e o pedido para deixar a disputa pela vice de Paes como uma jogada ensaiada. O objetivo seria medir a reação do eleitorado e da classe política a tempo do prazo limite para fechar a chapa, em 5 de agosto.

A possibilidade de o PL explorar o caso do vídeo sob um outro ângulo que não as cenas íntimas do deputado, porém, gera um complicador extra para a estratégia dos aliados de Pedro Paulo.

Do lado do PL, os estrategistas pretendem dizer que, em última instância, as ameaças buscavam amedrontar uma mulher – no caso, Michelle, a responsável pelo vídeo. Em 2016, a candidatura de Pedro Paulo à sucessão de Paes foi abalroada por denúncias de agressão física contra sua ex-mulher seis anos antes, e ele acabou fora do segundo turno vencido por Marcelo Crivella (Republicanos).

Um inquérito do Supremo Tribunal Federal (STF) que apurou o caso acabou arquivado, mas o episódio é até hoje atribuído à decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de deixar Pedro Paulo fora da Esplanada dos Ministérios de seu terceiro mandato. O deputado era cotado para o Turismo.

Nós procuramos o parlamentar e questionamos se ele buscaria se desvencilhar das intimidações atribuídas por Allan Oliveira a Marli Peçanha, mas não recebemos retorno até o fechamento da reportagem. A secretária também não se manifestou. O espaço segue aberto.

Além disso, os aliados de Alexandre Ramagem também pretendem esmiuçar a ligação entre Marli e o prefeito, além do seu favorito para a vice-prefeitura.

“Ela é ligadíssima ao Paes e ao Pedro Paulo. É sempre elogiada pelo prefeito”, diz um interlocutor do PL.

Atualmente secretária de Ação Comunitária, Marli assumiu o cargo em março, depois que Eduardo Paes exonerou da prefeitura vários funcionários ligados ao então secretário, Chiquinho Brazão.

Ele pediu demissão em fevereiro, quando vieram à tona os primeiros rumores de que seria implicado pelas investigações sobre a morte de Marielle Franco. Hoje, Brazão é réu no STF, acusado de ser o mandante do assassinato da vereadora do PSOL.

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