Malu Gaspar
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Malu Gaspar

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Informações da coluna

A equipe de Lula no Palácio do Planalto comemorou discretamente os dados trazidos pela última pesquisa mensal que a Presidência da República contrata para saber a quantas anda a imagem do governo federal. Pela primeira vez em meses, o levantamento de junho, apresentado na semana passada, mostrou uma melhora nos índices de ótimo e bom da gestão do PT e uma leve queda na quantidade de pessoas que avaliam que o governo é ruim ou péssimo.

De acordo com dados obtidos pela equipe da coluna junto a auxiliares do presidente, a quantidade de entrevistados que respondeu que o governo é ótimo ou bom subiu de 32% para 36%, enquanto a proporção de ruim e péssimo passou de 35% para 34%.

O índice de avaliação regular caiu de 30% para 26% – o que indica que foi entre essas pessoas que a avaliação do governo melhorou nas últimas semanas. Os resultados do levantamento circulam apenas dentro do governo. A pesquisa é feita por telefone e realizada pela FSB Comunicação.

Entre dezembro e maio, Lula enfrentou uma queda na popularidade refletida em diversas pesquisas. Nenhuma delas ainda trouxe a mesma evolução na avaliação do governo.

O levantamento da Quaest/Genial que saiu no início de maio traz uma avaliação positiva de 33%, uma queda de dois pontos percentuais em relação à pesquisa anterior, de fevereiro, que levou a um empate com a avaliação negativa. Foi a primeira vez que os dois índices se igualaram. Por outro lado, 31% consideraram o governo regular, três pontos percentuais a mais do que no início do ano.

Os números confirmaram a tendência apontada pelo Ipec em março. O instituto apontou que a queda de aprovação de Lula caiu de 38% em dezembro passado para 33% naquele mês.

O Ipec planeja divulgar suas pesquisas até o final da próxima semana, como mostrou o colunista Lauro Jardim. Só então será possível conferir se o levantamento interno do Planalto se confirma.

O período em que os pesquisadores da FSB foram a campo, entre 21 e 24 de junho, coincidiu com o momento em que Lula iniciou sua ofensiva contra o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.

Mas, para os estrategistas de Lula, não foi isso o que levou à melhora na avaliação, — mesmo sabendo que mais de 60% da população aprova os ataques ao BC e aos juros altos.

Fator economia

A razão teria sido a melhora na percepção da população sobre o desempenho da economia. Prova disso, segundo um dos estrategistas, seriam as respostas à pergunta sobre se a economia brasileira está melhorando. Nesse item, a quantidade de pessoas que disse que sim passou de 17% na pesquisa anterior para 23% na atual, enquanto a proporção de respostas "não" caiu de 29% para 24%.

O impacto da conjuntura econômica sobre a avaliação do governo vinha sendo alvo de bastante especulação nas últimas semanas. Ministros, aliados do presidente e analistas políticos se perguntavam por que indicadores como alta no nível de emprego e o crescimento de 2,9% do PIB em 2023 não se refletiam na avaliação do governo.

A hipótese dos integrantes da equipe de Lula que analisaram os dados é de que a sequência de entrevistas que o presidente inaugurou em meados de junho tenha ajudado a melhorar a sensação de que o governo está ativo e trabalha pela melhora dos índices econômicos.

Esses estrategistas avaliam que, se não ajudou a melhorar a avaliação do governo, a ofensiva sobre Campos Neto também não atrapalhou os índices.

Considerando que a pesquisa aconteceu em meio à polêmica sobre o projeto que equipara as penas para o aborto após a 22ª semana de gestação às de homicídio e estabelece punição até maior do que a de estupro ou infanticídio, pode-se dizer inclusive que os números são motivo de alívio para o Planalto.

"Sempre que se discute alguma pauta de costumes no Congresso ou no Supremo, como aborto ou maconha, o governo perde, mesmo que não tenha nada a ver com a iniciativa. As pessoas entendem como algo do establishment, e o brasileiro é conservador", avalia um dos auxiliares de Lula – que torce para o assunto não voltar a capturar a atenção do público.

A julgar apenas sob esse ponto de vista, o melhor mesmo seria continuar a bater no BC e nos juros altos. O problema é o efeito sobre o dólar e a inflação. Isso a população não vai achar nem ótimo e nem bom.

Capa do audio - Malu Gaspar - Conversa de Bastidor
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