Malu Gaspar
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Malu Gaspar

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Informações da coluna
Por — Brasília

A irritação de Jair Bolsonaro com Alexandre Ramagem (PL-RJ) por causa da gravação que ele fez de uma reunião no Palácio do Planalto colocou em risco a candidatura do ex-chefe da Abin à prefeitura do Rio de Janeiro, mas não mudou o ânimo de seu partido em investir contra o favoritismo de Eduardo Paes (PSD).

Por ora Ramagem continua candidato, mas, como o próprio presidente do PL, Valdemar Costa Neto, deixou claro em uma conversa recente com Paes, ter um bom desempenho na cidade é questão de honra para Bolsonaro.

“Eduardo, você é competente, mas você vai pererecar (ficar desnorteado, mover-se agitadamente de um lado para o outro) para ganhar esta eleição”, disse recentemente Valdemar a Paes.

O relato foi feito pelo próprio Valdemar a interlocutores ao detalhar uma conversa mantida com o prefeito carioca, numa provocação bem humorada.

De acordo com pesquisa Datafolha divulgada na semana passada, Paes lidera a corrida no Rio com folga, com 53% das intenções de voto, seguido pelo deputado federal Tarcísio Motta (PSOL), com 9%. Ramagem (PL-RJ) aparece em apenas terceiro lugar, com 7%.

“O Eduardo não vai levar na moleza, não. Por quê? É a terra do Bolsonaro, é lá que ele (Jair Bolsonaro) vota. O Bolsonaro vai entrar firme”, tem dito Valdemar a aliados, ao ser indagado sobre a corrida pela prefeitura do Rio.

O PL conta com algumas cartas na manga para tentar deixar o caminho mais difícil para Paes – e evitar um “vexame” no berço político da família Bolsonaro.

A principal é o engajamento do próprio clã Bolsonaro, capitaneado pelo ex-presidente, que pretende entrar em peso na campanha, participando de eventos públicos e gravando depoimentos a favor de Ramagem para serem exibidos no horário eleitoral.

Até as pesquisas do time de Paes mostram que qualquer candidato apoiado por Bolsonaro no Rio, seja Ramagem ou não, pode chegar ao patamar de 20% ao longo da corrida.

Ramagem se tornou epicentro do caso “Abin paralela”, após vir à tona um áudio que a Polícia Federal encontrou no seu computador de uma reunião dele com Jair Bolsonaro e duas advogadas de Flávio para discutir estratégias de blindar o senador no caso das rachadinhas.

Para um interlocutor do ex-presidente, porém, há “muita espuma”, nessa polêmica. Conforme informou a colunista Bela Megale, Bolsonaro tem sinalizado que não se sente traído por Ramagem.

Inicialmente, o ex-presidente havia se irritado com o episódio e demonstrado não ter autorizado a gravação – agora, vem afirmando nos bastidores que pode ter se esquecido de ter dado aval ao autogrampo de Ramagem, uma mudança de versão sob medida para preservar o aliado.

O cálculo político do PL

Conforme informou o blog, de acordo com levantamentos internos nas mãos da cúpula do PL, a melhor aposta de Ramagem na disputa pela Prefeitura do Rio é tentar nacionalizar a disputa municipal, ou seja, reproduzir no Rio a polarização das últimas eleições, que opôs Bolsonaro e Lula, aliado de Paes.

O cálculo político feito pelo PL está alinhado ao resultado das eleições de 2022, quando Bolsonaro derrotou Lula em 72 dos 92 municípios fluminenses – inclusive na capital, onde o então candidato à reeleição obteve 52,66% dos votos válidos, ante 47,34% do petista.

“Se o Ramagem passar a campanha discutindo as questões da cidade do Rio com o Paes, nós vamos perder”, diz um interlocutor bem próximo de Valdemar. “O que ele tem que fazer é alertar o eleitorado carioca de que uma vitória de Paes ajuda no projeto de reeleição do Lula. Que reeleger o Paes é também reeleger o Lula.”

Por ora, é Ramagem quem vai ter de “pererecar” para ganhar a eleição.

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