O candidato à prefeitura de São Paulo José Luiz Datena (PSDB) ganhou 40 mil novos seguidores nas redes sociais após agredir o rival Pablo Marçal (PRTB) com uma cadeirada no debate organizado pela TV Cultura no último domingo (15), segundo um levantamento da consultoria digital Bites.
O episódio também fez disparar os números de Marçal, que ganhou 400 mil novos seguidores – dez vezes mais do que o tucano. Somente no Instagram sua base de apoiadores variou 8,2%. Os números foram computados pela Bites no início da tarde desta segunda-feira.
Apesar da diferença entre os rivais, o crescimento de Datena nas redes é significativo pelo fato de a arena digital representar um calcanhar de Aquiles para a sua campanha. O apresentador de TV tem um dos menores índices de popularidade digital entre os contendores da corrida pela prefeitura paulistana.
A tendência parece se alinhar à avaliação da campanha de um dos concorrentes do tucano, cujos grupos focais detectaram que o episódio pode lhe trazer dividendos políticos em parcelas do eleitorado que não aguentam mais as provocações de Marçal.
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Nesses grupos, montados para monitorar o debate da TV Cultura em tempo real, alguns eleitores chegaram a considerar que Marçal armou um “jogo de cena” para cima de Datena, visto como um “herói” em um dos grupos.
O neotucano partiu para cima do ex-coach após uma série de provocações a respeito de uma acusação de assédio sexual que acabou arquivada pela Justiça. O candidato do PRTB chegou a chamá-lo de “jack”, gíria para estuprador em penitenciárias. Logo antes da agressão, Marçal lembrou que o rival quase o agrediu no debate da TV Gazeta/MyNews no último dia 1º e insinuou que Datena “não seria homem” o suficiente para fazê-lo. Foi quando o candidato do PSDB lançou uma cadeira contra o concorrente do PRTB.
Datena aparece com 6% de intenções de voto na pesquisa Datafolha divulgada na última quinta-feira (12), amargando um quinto lugar na disputa, atrás do prefeito Ricardo Nunes (MDB) e de Guilherme Boulos (PSOL), Marçal e Tabata Amaral (PSB). Em agosto, o apresentador de TV chegou a empatar com o ex-coach em terceiro lugar em um levantamento do mesmo instituto.
Os reflexos da agressão contra Pablo Marçal no comportamento do eleitorado ainda são desconhecidos – a próxima leva de pesquisas será divulgada a partir de quarta-feira, com a Genial/Quaest, seguida do Datafolha (quinta) e Paraná Pesquisas (sexta).
Tanto Marçal quanto Datena estão entre os candidatos mais rejeitados da disputa. O ex-coach lidera neste ponto, com 44% dos entrevistados afirmando que não votariam nele de jeito nenhum. O tucano tem 32% de rejeição, pouco atrás de Boulos (37%).
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Como publicamos no blog nesta segunda, a cadeirada de Datena também representou uma janela de oportunidade para Marçal reverter – ou, ao menos, aplacar – o índice negativo, que vinha crescendo de forma considerável nas últimas projeções dos institutos de pesquisa. Além disso, o candidato do PRTB recuou três pontos percentuais nas intenções de voto em relação ao Datafolha da semana anterior, enquanto Nunes e Boulos cresceram cinco e dois pontos percentuais, respectivamente.
Por isso mesmo, o ex-coach explorou quase que imediatamente a agressão nas redes e chegou a compará-la com a facada sofrida por Jair Bolsonaro na campanha de 2018 e com o atentado a tiros sofrido pelo ex-presidente americano Donald Trump em julho passado. Após abandonar o debate e se internar em um hospital, Marçal anunciou que pedirá a cassação do tucano.
Os dados dos grupos focais, no entanto, abrem a possibilidade de que a cadeirada seja bem recepcionada por uma fatia do eleitorado que não votaria no candidato do PRTB, mas cogitava votar em outro candidato que não Datena.
Nessa batalha de rejeitados, somente a decantação dos reflexos do episódio e o tempo serão capazes de indicar se a agressão terá algum efeito positivo ou negativo para Datena e Marçal na corrida paulistana.