Malu Gaspar
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Malu Gaspar

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Por e — Rio e Brasília

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva já decidiu demitir o ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, após a revelação de que ele é alvo de uma série de denúncias de assédio sexual e moral. Entre as vítimas está a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco. De acordo com fonte dos ministérios que estão lidando com a crise, a questão agora não é se Almeida será demitido, mas como.

O que Lula pediu aos ministros mais próximos é que tentem criar uma espécie de saída honrosa para Almeida, como, por exemplo, ele pedir para sair antes de ser exonerado. Caso ele não queira deixar o governo voluntariamente, será demitido. De acordo com essas mesmas fontes, Anielle Franco só falará publicamente sobre o caso depois da saída de Almeida do governo.

A equipe da coluna apurou que as denúncias já eram de conhecimento da primeira-dama, Janja, e de vários outros ministros palacianos há algumas semanas. Almeida nega qualquer atitude inapropriada e acionou na Justiça o movimento Me Too, que confirmou em nota pública ter recebido denúncias contra o ministro, sem mencionar nomes nem quantas vítimas existem.

Após a revelação das denúncias, na noite desta quinta-feira, Janja compartilhou no Instagram uma foto em que aparece beijando a teste de Anielle, no que foi entendido como um sinal de que a permanência de Almeida no governo se tornou inviável. ​

"A foto da Janja escancarou a porta de saída. O silêncio da Anielle é um silêncio eloquente. Se não fosse verdade, ela já teria vindo a público negar. O governo todo está muito constrangido", disse uma fonte do alto escalão do ministério de Lula.

Em reunião com os ministros Jorge Messias, da Advocacia-Geral da União (AGU), e Vinicius Carvalho, da Controladoria-Geral da União (CGU), Almeida foi aconselhado a deixar o cargo, mas avisou que não sairia e se disse vítima de um complô dentro do próprio governo Lula para afastá-lo da pasta. De acordo com a colunista Bela Megale, nesse encontro o ministro dos Direitos Humanos disse ter mensagens trocadas com a colega de Esplanada e um vídeo de uma câmera que mostra os dois jantando em um restaurante.

O caso foi revelado pelo colunista Guilherme Amado, do portal Metrópoles, na última quinta-feira (5). De acordo com a reportagem, Almeida teria tocado na perna de Anielle e dado beijos inapropriados ao cumprimentá-la, além de usar palavras de cunho sexual e baixo calão. De acordo com fontes do governo, os episódios de assédio envolvendo Almeida e a ministra da Igualdade Racial teriam ocorrido no ano passado.

Como publicamos no blog na última quinta-feira, os episódios envolvendo a ministra da Igualdade Racial ocorreram no ano passado e já eram de conhecimento do Planalto.

Além dela, outras mulheres com denúncias semelhantes já procuraram o Me Too, funcionárias do governo e do ministério e ex-alunas de Almeida na Universidade de São Paulo. Algumas delas são negras, como a ministra.

No caso de Anielle, o assédio foi comunicado a Janja, que teria inclusive se comprometido a tratar do assunto com o presidente Lula.

Na última quarta-feira, o UOL também publicou uma reportagem sobre casos de assédio moral no Ministério dos Direitos Humanos. Segundo o portal, dez casos foram reportados dentro da pasta até janeiro deste ano, dos quais sete foram arquivados e três permaneciam em andamento até julho passado.

Ainda de acordo com a matéria, ao menos 52 pessoas deixaram o ministério desde o início do governo Lula, várias delas por condutas inadequadas por parte de Almeida e assessoras.

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