Marcelo Ninio
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Marcelo Ninio

Repórter desde 1989, passou por O GLOBO, Jornal do Brasil, EFE e Folha de São Paulo.

Informações da coluna

Marcelo Ninio

Passou pelas redações do Jornal do Brasil, Agência EFE e Folha de S.Paulo. Tem mestrado em relações internacionais pela Universidade de Jerusalém.

Por — Pequim

O vice-presidente Geraldo Alckmin negou nesta terça que sua visita a Pequim servirá para concluir a adesão do Brasil à chamada “Nova Rota da Seda”, o megaprojeto de infraestrutura capitaneado pelo governo chinês. A notícia havia sido dada em uma rede social pelo líder do PT na Câmara dos Deputados, José Guimarães. Segundo ele, Alckmin viajara à China para “finalizar a inclusão do Brasil no Cinturão de Rota”, o nome oficial do projeto. O vice-presidente, porém, negou que haja uma decisão do governo nesse sentido.

— Esse é um tema que faz parte do debate, da pauta, da discussão — limitou-se a dizer Alckmin ao ser questionado pelo GLOBO sobre o assunto.

A adesão ao projeto Cinturão de Rota é uma antiga reivindicação de Pequim ao Brasil, que até hoje resistiu aos apelos por considerar que já recebe investimentos chineses mesmo sem entrar oficialmente na iniciativa. Lançado em 2013, o projeto já tem a adesão de 151 países, segundo monitoramento da Universidade Fudan, em Xangai. Na América do Sul, os únicos países que não aderiram são Brasil, Colômbia e Paraguai (este último sequer tem relações diplomáticas com a China).

Nesta terça, antes da chegada de Alckmin a Pequim, autoridades chinesas voltaram a defender a entrada do Brasil num evento sobre agricultura com a participação de dois ministros que fazem parte da comitiva do vice-presidente, Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar) e Wellington Dias (Desenvolvimento Social e Combate à Fome). Questionado, Liu Jianchao, ministro encarregado do departamento internacional do Partido Comunista da China, foi enfático sobre o desejo de Pequim de que o Brasil entre no megaprojeto.

— Sim, queremos muito — disse Liu, sem querer estabelecer um prazo. — Cabe ao governo brasileiro decidir. Nós só dizemos os benefícios que a Iniciativa do Cinturão e Rota irão trazer à cooperação China-Brasil e também para o desenvolvimento do Brasil. Mas não queremos impor.

O principal objetivo da visita do vice-presidente Alckmin é a sessão plenária da VII sessão plenária da Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (Cosban), que ocorre na quinta. No primeiro dia da visita, nesta terça, Alckmin reuniu-se com a ex-presidente Dilma Rousseff, que preside o Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), o “Banco dos Brics”, com sede em Xangai. Juntos, eles assinaram uma carta de intenções sobre o empréstimo de US$ 1,15 bilhão (R$ 5,75 bilhões) do NBD destinado ao financiamento de obras de reconstrução do Rio Grande do Sul.

À frente do banco há pouco mais de um ano, Dilma falou sobre a importância de destinar recursos do NBD à recuperação de países que sofrem desastres naturais e também de sua ligação com o Rio Grande do Sul.

— Como diz o Luis Fernando Verissimo, eu sou gaúcha de propósito. Eu nasci em Minas, mas sou gaúcha de propósito e com propósitos. A minha família mora no Rio Grande do Sul, minha filha, meu genro, meus dois netos. É um momento muito difícil, porque tem gente que perdeu tudo. Agora, eu acho que o Rio Grande do Sul tem uma tradição, está até no hino gaúcho, que é uma lembrança da capacidade de reagir às dificuldades. Então, tenho certeza que o Rio Grande do Sul será reconstruído pelos riograndendes, pelo Brasil e também pela solidariedade internacional — disse Dilma.

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