Minas no Globo
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Shirley Souza

Âncora do CBN Belo Horizonte. Já foi editora na TV Record, repórter e apresentadora no SBT/ TV Alterosa e TV Brasil/ Rede Minas e repórter da rádio CBN.

Por — Belo Horizonte

A tragédia no Rio Grande do Sul escancara um problema de muitas cidades: o despreparo para enfrentar eventos climáticos, que nem precisam ser extremos. Em cidades impermeáveis, cobertas por concreto, uma tempestade causa um dano potencializado. Os planos diretores dos municípios contemplam preservação do meio ambiente, mas nunca foi entendido como uma prioridade. Com a atenção voltada para as consequências no estado gaúcho, o questionamento é inevitável: o que estamos fazendo para evitar uma inundação como a do sul do país?

Cidades que encobriram até rios com concreto, como Belo Horizonte em relação ao ribeirão Arrudas, precisam do movimento inverso – retirar a camada impermeável para que um grande volume de água não chegue com tanta velocidade a regiões mais baixas causando transbordamento. Essas enchentes são comuns no período chuvoso. Regiões como das avenidas Cristiano Machado, Tereza Cristina, Prudente de Moraes e Vilarinho já possuem placa de alerta para pedestres e motoristas sobre o risco de inundação.

O retorno de áreas verdes que possa reter a água dos temporais vem acompanhado de tecnologia. O jardim de chuva tem essa característica. Ele é construído para ser uma espécie de reservatório d`água. Até a escolha das plantas leva em consideração a absorção da chuva. Belo Horizonte tem 61 desses jardins feitos na área norte da cidade. Eles variam de 10m² a 20m² e foram implantados em áreas que correspondem a vaga de estacionamento, ao lado da calçada. A cidade perde uma vaga para carro na rua, mas ganha uma área verde.

Jardim de chuva em Belo Horizonte — Foto: Divulgação PBH
Jardim de chuva em Belo Horizonte — Foto: Divulgação PBH

A prefeitura abriu inscrição para que moradores vizinhos cuide desse jardim com a promessa de desconto de 10% no IPTU. O valor máximo do desconto é de R$ 2 mil. Já no primeiro dia, havia quase o número total de adotantes, segundo o diretor de análise de licenciamento urbanísticos especiais da prefeitura de Belo Horizonte Isaac Henriques de Medeiros. “É importante a população saber que não é qualquer jardim, não é o jardim que eu tenho na calçada, mas sim aqueles que foram recém-plantados pela prefeitura. Nós já recebemos mais de 50 solicitações de adoção dos jardins de chuva, nós temos 61. Já posso dizer que ele foi considerado bem aceito pela população de Belo Horizonte” – explica o servidor.

A arquiteta e urbanista Cláudia Pires, integrante da Rede ODS Brasil e colunista da rádio CBN, diz que o jardim de chuva deveria ser adotado em escolas e edifícios públicos, além disso, é preciso investir em outros meios para ampliar e recuperar a área natural do município. “É um início sim, mas 61 jardins de chuva não resolvem. Se pensar em área permeável solicitado pelo Plano Diretor, o estudo que Belo Horizonte fez é de deixar pelo menos 20% do território, terrenos vazios para acúmulo de água de chuva. E essa conta que a gente tem que fazer é em relação a capacidade de dreno dessas áreas que vão ficar em cada um desses lotes. Então, 20% deveriam ficar somado aos parques, áreas verdes, reservas e outras unidades de conservação existentes, os canteiros e as praças. São caminhos, mas poderia fazer muito mais” – avalia a arquiteta e urbanista.

A prefeitura informou que pretende implantar cerca de 200 novos jardins de chuva em outras regiões da cidade em até três anos. A iniciativa fez surgir uma nova demanda. Moradores estão em busca de informações para construir o próprio jardim de chuva nas entradas de casas e prédios e até mesmo no terraço. Segundo a prefeitura, desde 2019 existem estímulos financeiros dentro da aprovação dos projetos para realizar essas reformas. Com relação a outras medidas para tornar o solo de BH mais permeável, a prefeitura disse que já há estudos e projetos que “visam alcançar esse objetivo”.

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