Míriam Leitão
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Míriam Leitão

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Informações da coluna

O IPCA de outubro foi menor do que o mercado projetava: 0,24%. Ao analisar o dado, de forma geral, os relatórios das consultorias destacam a trajetória benigna da inflação. É que a inflação, assim como os demais indicadores econômicos, pode ser mais bem avaliada olhando o "filme" do que a "foto". E o que o filme dos últimos 12 meses mostra a desaceleração tanto do IPCA, de forma ampla, quanto de serviços e alimentação no domicílio, chama atenção o economista André Braz, coordenador dos Índices de Preços do FGV Ibre.

-O índice mensal é cheio de efeitos sazonais que podem elevar ou reduzir a taxa. Quando se olha a taxa em 12 meses é que se pode observar a desaceleração do índice, que tá decrescendo. Isso mostra que a política monetária do governo está dando certo e conseguindo levar a inflação para dentro da meta, abaixo dos 4,75% - explica Braz.

Na avaliação de Alexandro Maluf, economista da XP, "as medidas subjacentes do IPCA de outubro confirmam que a segunda fase da desinflação no Brasil tem avançado mais rapidamente do que o esperado. Segundo Maluf, "não fossem as incertezas fiscais e a alta das taxas de juros nos EUA, o Banco Central teria espaço para acelerar o ritmo de redução da taxa Selic".

Bens duráveis

A manutenção dos juros ainda patamares elevados, por exemplo, afasta ricos e pobres do crédito. Por motivos diferentes, claro. Quem tem dinheiro prefere investir e ter rendimentos altos advindos dos juros. Por outro lado, quem pensa em ir às compras e precisa do crédito acaba adiando o consumo, com medo do endividamento a taxas tão elevadas. O resultado, aponta Braz, é que na média o preço de bens duráveis (geladeira, fogão etc) apresentam até queda.

Serviços

Outra boa notícia, que indica a benignidade da trajetória da inflação, diz o coordenador dos Índices de Preços do FGV Ibre, é o fato dos serviços - que representa cerca de 30% do orçamento das famílias- estarem em trajetória de desaceleração. Apesar de lenta, essa trajetória vem se mantendo.

-A inflação de serviços é persistente, pois está nela contratos indexados, como as mensalidades escolares, alugueis, atrelados a indicadores de reajuste.

Em sua análise o economista Claudio Moreno, do C6 Bank, pontua que a inflação de serviços continua se mostrando resiliente, acumulando uma alta 5,5% em 12 meses. Ele não acredita, no entanto, que os preços desse grupo caiam significativamente daqui para frente por conta do mercado de trabalho aquecido.

Alimentos

A política monetária não tem o mesmo efeito sobre os alimentos que podem ser afetados por uma quebra de safra, eventos climáticos. As altas temperaturas, por exemplo, são responsáveis pela ligeira alta registrada nestes últimos meses. O calor afeta culturas curtas, como alface, tomate, batata.

Braz pontua, no entanto, que ainda é cedo para dizer qual será o efeito do El Niño, responsável pelas fortes chuvas no Sul e a seca recorde no Norte, terá sobre a safra 2023/2024 e consequentemente na inflação de alimentos.

Andréa Angelo, estrategista de inflação da Warren Investimentos, observa a virada de meados de outubro para novembro alta relevante para alimentação no domicílio. O relatório pondera que já foram identificados que os preços das hortaliças nas coletas de atacado começaram a estabilizar. De toda forma, a estrategista prevê alta de 1,2% para os alimentos no IPCA de novembro, reflexo da antecipação do El Niño. A consultoria já inseriu em sua projeção deste ano 15 bps do fenômeno climático, o que tirou parte da deflação de alimentos deste ano.

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