Míriam Leitão
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Míriam Leitão

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A Argentina está dando um salto no escuro do ponto de vista econômico. O novo presidente, Javier Milei toma posse neste domingo dia 10, sem que se saiba o que ele, de fato, vai fazer na economia. Desde que foi eleito, Milei recuou de várias das propostas apresentadas na campanha eleitoral como uma solução para a maior crise econômica recente do país. Está certo que todo mundo achava improvável ele acabar com o Banco Central da Argentina, fazer a dolarização da economia sem ter dólar nas reservas do país. Do ponto de vista técnico, suas propostas são, realmente, de difícil implementação.

Qual é a dificuldade para Argentina à frente? O país vive em um entra e sai de crises econômicas. Os argentinos estão com problemas que nós já superamos há 30 anos, como a hiperinflação e a crise no balanço de pagamentos, que acontece quando o país não tem dinheiro, dólar suficientes, para arcar com os seus compromissos externos. O Brasil tem uma quantidade de reservas muito alta. A Argentina não têm reservas em dólar, apesar do plano do novo presidente de dolarizar a economia.

Como é usual nas campanhas eleitorais atualmente, o discurso de Milei, enquanto candidato, era cheio de factoides, fake news, de textos performáticos. Ele falou em fechar o banco central, em acabar com a moeda nacional, o peso, e dolarizar a economia, disse que iria acabar com as castas. Ele usou e abusou da performance, usando muito as redes sociais, para conquistar o eleitor, principalmente, o mais jovem, que já não tem nenhum vínculo com a política trabalhista peronista.

Mas a verdade é que, às vésperas da posse, não se sabe o que o novo presidente vai fazer na economia ao deixar o palco da campanha no qual quebrava maquete do Banco Central argentino.

Milei disse que faria um corte de gastos profundos, o que seria muito importante, pois a Argentina gasta mal, tem excesso de subsídios. O país dá subsídios muito fortes, por exemplo, para a energia a toda a população, não apenas aos mais vulneráveis. A subvenção beneficia inclusive combustíveis fósseis, o que vai na contramão do mundo.

O governo de Maurício Macri, que é da direita, tentou acabar com os subsídios, não conseguiu. Milei se coloca ainda mais à direita que Macri, que o apoiou no segundo turno e parece que terá influencia no novo mandato. Mas o fato que ainda é uma incógnita como o novo presidente argentino conseguirá governar com uma bancada tão pequena no Congresso para implementar mudanças que promete serão radicais. Será dependente da bancada macrista, como a ex-candidata à presidência Patrícia Bullrich que já garantiu uma posição no novo governo.

Se há uma boa notícia, na eleição do Milei é a reafirmação dos 40 anos de democracia argentina. E essa mudança drástica de rumo, é ruim do ponto de vista do funcionamento da democracia, porque causa uma decepção no eleitor. Ele vendeu moinhos de ventos na disputa pela Casa Rosada contra o ministro da Economia do atual do governo, Sergio Massa, e agora não tem como entregar.

Nossos hermanos terão um novo governo a partir deste fim de semana, mas o fato é que ninguém sabe o que acontecerá na economia argentina na segunda-feira.

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